Todos nós somos chamados por Deus à santidade. E precisamos responder a essa vocação. A questão é: é fácil ser santo? Seguramente não, somos humanos, quebradiços, cheios de defeitos e pecados, mas ainda assim é possível. Nenhum dos Santos chegaram à santidade sem renúncias, provações, perseguições e até mesmo sofrimentos. Santo Inácio de Loiola nos deixou como legado seus exercícios espirituais para nosso aprendizado, nos quais ele convoca cada um a levar a sério sua vida e condição de criatura e que se determine a ordená-la segundo o propósito com que Deus nosso Senhor nos chamou gratuitamente à existência. Sabemos também que, com os que amam a Deus, com os que Ele chamou segundo seu propósito, Ele coopera em tudo para o seu bem. Porque Deus os elegeu primeiro, predestinando-os desde então para que reproduzam os traços de seu Filho, de modo a que este fosse o maior de uma multidão de irmãos, e a estes que havia predestinado, os chamou; e a esses que chamou, os reabilitou; e a esses que reabilitou lhes comunicou sua glória( Rom. 8,28-30).
> O que buscamos em nossas vidas? A felicidade. Em regra consiste nisso. E o que nos torna felizes? Dinheiro, bom emprego, família bem composta, boas relações sociais, conhecimento( cultura)? Sem sombra de dúvidas tudo o que foi citado contribuem mesmo. Mas pergunto: basta? Não. Se assim fosse não existiriam pessoas com todas essas condições e ainda assim muito infelizes, já outras sem nada disso e muito felizes. Precisamos descobrir a razão de nossas vidas quer seja no âmbito conjugal, familiar, comunitário e profissional, posto isto, tá dito que a vida deve ter um sentido. Como encontrar?
> -A NECESSIDADE DE ORIENTAÇÃO: Quando chegamos em algum lugar que não conhecemos, precisamos de orientação para saber em qual sentido ir. Bússola, mapa, GPS, ajuda de um transeunte. Como chegar? OS Magos do Oriente tiveram por guia certo a divina estrela que os levou a Belém. Na contra mão da vontade de Deus estava Herodes. Pediu que quando encontrassem Jesus o avisasse, também queria adorá-lo. Estava desesperado e com medo de ser desbancado.
> – A DESORIENTAÇÃO ATUAL: Há tantas vozes, tantos caminhos que hoje se apresentam, são várias religiões, são tantos os partidos políticos, são múltiplas as formas como a família se desenha atualmente. As convicções pessoais e vínculos humanos estão fragilizados. Muitos não consideram mais a Igreja e o Estado como âncoras de referência para suas ideias e comportamento. Para onde devo ir? Em quem devo confiar? A pergunta do jovem rico a Jesus nos mostra que na desorientação, precisamos de ajuda. Apesar de seu conhecimento das leis, de sua prática cotidiana dos mandamentos da Lei de Deus e de sua riqueza material, percebeu que ainda assim precisava de orientação e viu em Jesus aquele que poderia dar uma resposta à sua dúvida mais profunda: como salvar sua alma? Precisamos de coragem para se fazer a mesma pergunta. Se Deus nos responder que o que falta é o perdão, por exemplo, pode ser que fiquemos igual ao jovem rico, entristecidos porque isso pode parecer difícil de fazer. Para cada um Deus reserva uma resposta pessoal e única. Porém, precisamos de coragem para fazer a pergunta. Como diz na canção do padre Zezinho ” não há libertação se eu não me questionar.”
> -ORIENTADOS POR CRISTO: A mãe de Deus deseja que estejamos bem orientados e felizes, deixando testamento materno que resume sua vontade para seus filhos: ” Fazei aquilo que ele vos disser”. Antes de fazer aquilo que Deus nos disse, é preciso compreender o que ele diz, aqui e agora. Muito eficaz nesse ponto é o auxílio do Espírito Santo e a Adoração Eucarística. Posso conhecer o que tá escrito nas escrituras e, até mesmo memorizá-las, isso, contudo, não me garante que saiba usar na prática. Por isso, necessitamos do Espírito Santo que nos dará a palavra certa na hora certa. Ancorados em Cristo e no Espírito Santo não há desespero nem desorientação. Somos limitados quanto ao conhecimento do amanhã, porém, temos O Pão da Orientação de cada dia, pois como diz a escritura ” a cada dia basta o seu cuidado”. Se olharmos bem, depressão é excesso de passado, estresse é excesso de presente e ansiedade excesso de futuro.
> A vida ganha sentido quando vivemos para Deus, pois só na graça divina alcançaremos o fim para qual fomos criados. Sua luz santa é forte como o sol, basta que sejamos expostos a ela para que nos queime. Quando vivemos para a família, São José é um grande exemplo daquele que viveu para Deus e para a sua família. Homem de pouquíssimas palavras, mas de muita ação, como no caso para a fuga para o Egito, iniciada imediatamente após um sonho. Ele tinha a virtude da prontidão: pressa em obedecer a Deus. Aqueles que viveram por suas famílias( e para elas) nunca se arrependeram disso, pois suas vidas ganharam sentido. Pena que muitos pais vejam suas famílias apenas sob o aspecto de obrigação, como um peso ou um fardo. Eles precisam tirar a trava do olho. Ganha sentido também quando vivo para mim mesmo, o evangelho de São João afirma que temos a dignidade de filhos de Deus, somos conhecidos e amados por ele mesmo. Isso, por si só, justifica o zelo que devo ter por ela( minha vida), a fuga das amizades perigosas, das ocasiões de pecado, o cuidado com a saúde e busca equilibrada do bem-estar. Cuidar da minha vida não configura egoísmo, mais uma posição anteposta para que eu possa cuidar do outro, como está escrito: ama o teu próximo como a ti mesmo. Ganha mais sentido ainda quando vivo para o meu próximo, a ciência já comprovou que a solidariedade ao próximo se traduz em bem-estar para aquele que é solidário. É um paradoxo, o amor à medida que se reparte aumenta. Então, nos ensina o evangelho: ama o teu próximo como a ti mesmo. Isso é aprendizado gradual, não algo que já encontramos pronto e acabado. O amor ao próximo deixa nossa vida cada vez mais saborosa e iluminada. A grande descoberta a ser revelada a cada um pelo Espírito Santo será quando conseguirmos ver que nosso próximo mais que isso, é irmão.
> Tenho que conhecer a mim mesmo e aprender a amar. Quem sou eu? O sentido da vida começa com me conhecer, meu interior. Quais os meus limites, fraquezas, defeitos e virtudes? Mudar a mim eu posso, os outros não. Posso trabalhar a mudança nos outros dando exemplo de vida honrada e cristã. Aqui cabe aquela máxima tão repetida: a palavra convence, o exemplo arrasta. Ou ainda aquela outra: procurei a Deus não o encontrei, procurei a mim mesmo também não, procurei o próximo e encontrei os três. É importante despertar para o sentimento de compaixão, lembrar da nossa transitoriedade, assim nascemos para o amor e aprendemos que aqui estamos de passagem, como costuma dizer o padre Tony nas suas pregações, ” amar é uma decisão. É preciso travar luta interior contra a indiferença, aspectos da vida cotidiana que levam ao egoísmo e falta de solidariedade, aprender lidar com o ter, o poder e o prazer, a busca por conhecimento, projeção social e material sem moderação leva o ser humano para longe de Deus. Temos ainda que aprender com os próprios erros, há um célebre pensamento que bem contextualiza o que estou falando, ” ninguém pode voltar no tempo e fazer um novo começo, mas qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”
> Como falei no início, os santos foram pessoas humanas com as mesmas fraquezas e limitações de todo mundo, diferença é que se determinaram e buscaram à santidade, sendo assim foram santificados em Cristo. Foram obedientes à vontade de Deus e chegaram à perfeição. Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos, exemplo disso é a eleição dos doze apóstolos, pessoas rudes, de poucas letras e cheios de fraquezas, mas que ao ouvirem a convocação de Jesus o seguiram na sua missão de implantação do Reino de Deus. Eis aí o nosso papel de leigo na igreja e no mundo, sermos sal e luz, e sob a ação do Espírito Santo, embaixadores( como dizia São Paulo) de Cristo na continuação da missão de Pedro, Paulo e tantos outros na construção do Reino.