Nas primeiras horas da manhã do feriado pela Independência do Brasil, Frei Adolfo Temmer já estava à disposição para participar de mais uma edição do Grito dos Excluídos. Frade da ordem Franciscana, o sacerdote relata que participar dessa ação criada pela CNBB reforça o papel missionário da Igreja de acolhimento e auxílio aos mais necessitados.
“A igreja abre uma esperança, uma reconquista democrática. Estamos dando um grito contra um barulho que se impõe e queremos dar o nosso não a toda opressão que a gente vê”, declara o frei, ainda na concentração para 25ª edição do Grito dos Excluídos, que aconteceu paralelo ao desfile cívico militar.
O Ato foi criado pela CNBB com o objetivo de dar visibilidade para as formas de exclusão e causas profundas que levam o povo a viver marginalizado, chamando a atenção das autoridades locais para os menos favorecidos.
“A Igreja é imparcial, estamos aqui em defesa dos excluídos, que lutam por educação, por segurança, saúde e vida. Nossa Igreja sempre apoiou e deve estar ao lado com as portas abertas aos que mais necessitam”, pontua Frei Carlos Magno, que atualmente desenvolve o trabalho pastoral e missionário na casa do Eremitério, localizada no bairro Angelim, zona sul de Teresina.
Além dos dois frades, a Arquidiocese de Teresina esteve presente no Ato através de agentes da Pastoral da Criança, Pastoral do Povo de Rua, Cáritas e outras pastorais que atuam diretamente no acolhimento aos mais necessitados.
Acometido por um câncer ósseo aos 29 anos de idade, Rafael amputou a perna direita e ficou com os movimentos limitados e o tratamento comprometido. Apesar da limitação física, se propôs a participar do ato para gritar pela saúde. “A nossa saúde já está precária, e com o corte de 25% proposta pelo atual comandante federal, fica difícil acreditar no desenvolvimento de um país justo, igualitário e democrático”, pontua Rafael.
Esse sistema não vale
Com o lema “Este sistema não vale”, a 25º Edição do Grito do Excluídos buscou unir forças para alertar sobre as opressões, retirada de direitos, ataque às liberdades e aumento das desigualdades, levantando também a reflexão sobre a busca do lucro em detrimento da vida e do meio ambiente.
“Vamos chamar atenção também para algumas realidades locais, como as comunidades tradicionais que já existiam e que não estão sendo respeitadas, a lei de regulamentação fundiária que não entra em pauta na Assembleia Legislativa. Temos um modelo de desenvolvimento apresentado pelos grandes projetos que não gera riqueza para todos, e sim uma riqueza centralizada para os grandes investidores. A nossa expectativa é chamar atenção para isso e retomar a consciência de que a rua é o espaço de reivindicação dos seus direitos”, explica Adonias Moura, da Cáritas Piauí, que esse ano organizou o Ato em Teresina.
De Acordo com a CNBB, a 25ª edição do Grito dos Excluídos contabilizou a realização de ações em mais em 200 localidades espalhadas pelo Brasil por ocasião deste 7 de Setembro. Em Teresina o ato concentrou os participantes no pátio da Assembleia Legislativa e seguiu pela avenida Marechal Castelo Branco até o final da arquibancada disponível para o desfilo cívico militar.
Por Flalrreta Alves