No último sábado (05), o Auditório do Centro Pastoral Paulo VI sediou o I Seminário: Direitos Humanos, Justiça e Misericórdia. O momento foi uma realização da Comissão Arquidiocesana de Direitos Humanos. A ação uniu diferentes representantes da sociedade, além de estudantes de direito e especialistas jurídicos que trocaram experiências, na prática, sobre ações que garantam a preservação dos direitos humanos em diversos segmentos.
A programação teve início às 8:30h da manhã e o Arcebispo de Teresina, Dom Jacinto Brito, deu início ao ciclo de palestras. Ele abordou a temática Justiça e Misericórdia e afirmou que Deus nos ama com Misericórdia. “Então, não podemos separar aqui justiça de misericórdia. Temos dificuldades de sermos harmoniosos, mas Deus é perfeição e não pode haver contradição”, ratificou.
Dom Jacinto afirmou ainda que a justiça existe, mas acima do juízo e da penalidade punitiva está a misericórdia. “O castigo de acordo com o ensinamento da Igreja não é uma ação punitiva de Deus. Para a surpresa de muitos, a palavra justiça na bíblia não está relacionada ao código penal. É na verdade sinônimo de santidade. Deus é justo quando ele exerce justiça. Então quanto mais o homem e a mulher refletirem essa realidade, mais ele é justo. E quanto ao sentido bíblico desta palavra devemos entender que é a santidade e a perfeição. Não se pode opor a justiça e a liberdade. O juízo será sem piedade para quem não usou de misericórdia. Mas, a misericórdia supera o julgamento. Eu vou ser misericordioso e vou deixar de cumprir a lei? Se ele não possuir um coração misericordioso, ele será apenas um legalista”, defendeu.
Dom Jacinto reforçou também que “amar a Deus e amar ao próximo é o resumo. A lei traz aberrações. Mas cadê o amor e a misericórdia? A lei precisa ser transformada pela misericórdia”.
Ao longo do dia as palestras seguiram e o público pode acompanhar além dos painéis, debates sobre outros temas. Um deles foi conduzido pela promotora de justiça, Cláudia Seabra , com o tema ‘Direitos Humanos na Saúde’. A programação encerrou por volta das 17h.
“Hoje a intenção foi motivar, através de esclarecimentos. É importante desconstruir um conceito equivocado de que, às vezes, a sociedade entende que direitos humanos só trata daqueles que estão em conflito com a lei. Erroneamente muitos pensam assim. Envolve muito mais e por isso é importante essa discussão. E pensando nesses esclarecimentos junto à comunidade, o Seminário não se refutou do conceito de misericórdia e justiça, pois só existe direitos humanos se existir justiça e a consciência da população”, disse finalizando o advogado Carlos Wagner que é presidente da Comissão Arquidiocesana de Direitos Humanos.
Por Vera Alice Brandão