A I Assembléia regional da Pastoral carcerária contou com a participação de representantes de Dioceses e da Arquidiocese de Teresina. O encontro foi realizado no Abrigo dos Romeiros, na Vila da Paz, na zona sul de Teresina e serviu para discutir estratégias de ação com foco na unificação dos trabalhos. A pastoral que tem a missão de levar a palavra de Deus para dentro das unidades prisionais e atender aqueles que estão privados de liberdade deu início à implantação do núcleo estadual.
Para o diretor espiritual da pastoral Carcerária o momento serviu para “instituir a pastoral estadual carcerária. A partir dessa assembléia está sendo criada e poderemos entrar e fazer parte da Pastoral Nacional, ferramenta importante para o trabalho de evangelização dos presos” explica.
Com a presença do coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Padre Valdir Silveira, a reunião serviu também para escolher a nova direção da pastoral no Estado do Piauí que é um dos mais católicos, mas era o único que ainda não possuía a pastoral estadual.
“É o último estado a desenvolver esta assembléia para organizar os agentes. Também para chamar a Igreja para esta responsabilidade. É preciso abrir as Igrejas e visitar os presos. O Piauí é um Estado tão católico, mas precisa abrir os olhos e os ouvidos para a realidade carcerária. Isso quer dizer não só visitar, mas se organizar, capacitar para trabalhar nesse ambiente” reforça.
Hoje no Brasil são mais de 600 mil presos. O custo para o estado na manutenção de um detento custa em média R$ 10. 500,00 (dez mil e quinhentos reais). No Piauí são cerca de 1500 presos provisórios com processos parados. E essa celeridade no julgamento também é meta da Pastoral. Por isso para o representante da coordenação nacional é necessário o olhar atento do poder judiciário e mais investimentos do governo em educação.
“Presídio é feito para prender jovens pobres e semi-analfabetos. Então temos que combater esse judiciário que é seletivo e joga para trás das grades as pessoas mais pobres. Acompanhar as ações do Estado. Sobre a redução da maioridade a Igreja tem postura clara. Quanto mais se prende mais violência tem. Vamos construir mais escolas e não presídios.”
A formação e capacitação dos agentes de pastoral é um trabalho contínuo. O Padre Luis de França que veio participar do encontro representando a Diocese de Floriano compartilhou as experiências praticadas lá no município, mas ressaltou que essa é uma missão de toda a comunidade.
“A nossa maior atitude é ouvir os presos. Eles nem são chamados pelo nome. Tem um número e código. Vamos ouvir aqueles que não têm voz. Ninguém gosta de hospital, cemitério e presídio. Mas nós vamos lá porque tem gente que amamos” finaliza.
Por Vera Alice Brandão