O serviço de atenção à saúde desempenhado pela Ação Social Arquidiocesana (ASA), Centro Maria Imaculada (CMI), participou nesta quarta-feira (17) do Seminário Piauiense de Hanseníase: Janeiro Roxo. O evento aconteceu no Cine Teatro da Universidade Federal do Piauí – UFPI, reunindo pacientes hansenianos, acadêmicos e profissionais da área da saúde, representantes do Centro de Inteligência em Agravos Tropicais Emergentes e Negligenciados (CIATEN) e do Morhan Piauí (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase).
A programação teve início às 08h e se estendeu ao longo de toda manhã, com palestras expondo os panoramas mundiais, nacionais e estaduais da doença, além de debates abertos ao público acerca de medidas eficazes no combate à hanseníase.
Sara Moura, biomédica e coordenadora do CMI, foi uma das palestrantes convidadas. Ela conta que o evento formativo é crucial para sanar as dúvidas sobre a temática que ainda é muito negligenciada na sociedade, e também para ajudar que mais pessoas possam receber o diagnóstico e o tratamento correto. “Nossa participação no Seminário surge no sentido de levarmos a nossa proposta e os melhores procedimentos no diagnóstico e na conduta dos pacientes, não esquecendo daqueles que já estão no processo de reabilitação”, disse.
Um dos métodos rápidos de diagnóstico tem sido o teste rápido da hanseníase, que é realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Sara, esse método é autorizado pelo Ministério da Saúde para que haja uma maior e melhor investigação dos contatos, já que o Piauí é considerado um local endêmico.
“Os testes rápidos são autorizados para a realização desde o ano de 2022. As distribuições no nosso estado foram feitas no ano passado e agora nós estamos trabalhando para a divulgação desse método, e em quais critérios ele deve ser realizado. Essa fala é importante já que pessoas de outros municípios vieram participar, e às vezes estavam com alguma dificuldade na hora da utilização dos testes”, completou a coordenadora.
Piauí ocupa 4º lugar do país em número de casos
De acordo a enfermeira e professora da UFPI e do CIATEN, Olívia Dias, o evento é realizado anualmente durante o mês de janeiro, que é dedicado mundialmente ao combate da doença. Atualmente, o Piauí ocupa o 4º lugar do Brasil em número de casos. “Nosso estado possui uma alta endemicidade, então nós queremos mostrar aos nossos profissionais a importância desse agravo epidemiológico, além de discutir e debater as questões dos estigmas e preconceitos das pessoas acometidas pela hanseníase”, explicou.
O acadêmico de enfermagem, Khaab Gibran, conta que foi motivado a participar por estar diretamente ligado a temática, já que ele participa da Liga Acadêmica de Doenças Tropicais Negligenciadas e também desenvolve seu trabalho de conclusão de curso na área.
“No decorrer do curso eu senti uma necessidade de procurar me aprimorar em várias demandas diferentes e como me aproximei bastante dessa eu acabei motivado a participar. Além disso, eu também estou estagiando em um bairro da Zona Norte da cidade que é considerada uma das zonas com mais casos de hanseníase”, destacou. Khaab finalizou afirmando a necessidade de continuar estudando e debatendo a temática. “Não basta apenas me formar em enfermagem, mas sim continuar sempre buscando melhores formas de oferecer atendimento especializado e qualificado”, pontuou o jovem.