Num contexto onde cerca de 12% das mulheres piauienses e quase 10% dos homens vivenciam a realidade da deficiência, na última quinta-feira (23) a Ação Social Arquidiocesana (ASA) sediou o IV Fórum Piauí de Inclusão. O momento reuniu representantes de órgãos públicos, entidades da sociedade civil, empresas e líderes de opinião, que juntos debateram a necessidade de implantação de estratégias para garantir direitos básicos a esse grupo. Além disso, o evento também surge como um movimento essencial para a transformação social e econômica do Estado.
O coordenador do Serviço “Levanta-te, Vem para o Meio”, Marcos Júnior, foi quem coordenou a articulação da ASA para receber a realização do Fórum. Segundo ele, este serviço que é desempenhado pela Ação Social Arquidiocesana, possui uma metodologia própria de inclusão, onde as empresas que precisam cumprir a cota contactam a instituição ou são encaminhadas através dos auditores que fiscalizam essas empresas.
“O serviço não faz a busca de maneira aleatória, por isso fazemos um recrutamento dessas pessoas para vagas de trabalho concretas. Após esse processo de seleção, há um acompanhamento médico, análise da documentação e só depois há um encaminhamos às empresas”, disse.
Além dos pontos destacados, o coordenador ainda afirmou que o serviço recebe um feedback, onde as empresas avaliam aqueles que passaram no processo de seleção e também os que não foram aprovados. Dessa forma, o ‘Levanta-te’, consegue focar na capacitação dessas pessoas para que possam passar novamente por um processo de seleção até serem integradas no mercado de trabalho.
No Piauí, cerca de 353 mil pessoas possuem algum tipo de deficiência, tornando a inclusão no mercado de trabalho um imperativo categórico. No entanto, somente cerca de 25% desses cidadãos estavam ocupados ou em busca de ocupação no último ano, dos quais 73,5% subsistem na informalidade, caracterizando um dos maiores índices nacionais.
Natália Reis, coordenadora do Fórum, conta que são desenvolvidas atividades durante todo o ano, trabalhando e avaliando os processos de inclusão. Como a entidade não possui um endereço físico, eles realizam um encontro presencial por ano para melhor debater essas questões. A temática deste ano, teve como referência o debate da empregabilidade e a metodologia do emprego apoiado.
“Para nós não existe uma deficiência mais leve e outra mais severa, mas sim a pessoa com deficiência e a customização dessa vaga de emprego para a superação das barreiras específicas para cada uma”, ressaltou Natália.
Empregabilidade tradicional e o emprego apoiado
Na programação estiveram inclusas palestras e apresentações artísticas. Alexandre Betti, psicólogo e consultor em emprego apoiado, ministrou a palestra magna que debateu as temáticas da empregabilidade tradicional metodologia do emprego apoiado. Segundo ele, esses debates ampliam e qualificam o processo inclusivo. “Sem o emprego apoiado, fica faltando um pedaço da inclusão, com pessoas ficando desempregadas pela não existência da metodologia”, explicou.
A metodologia ajuda para que mais pessoas sejam inseridas, pois individualiza o processo, entendendo melhor as barreiras enfrentadas com propostas assertivas para modificar essas situações.
Ruthyneia Aventura, que há dois meses é assistida pelo Serviço, revela que vê as ações desempenhadas em favor da inclusão como algo muito importante, e isso faz com que ela se sinta abraçada e acolhida. “Eu recebo muito apoio do serviço, desde acompanhamento psicológico até a boa convivência. Eles também oferecem cursos profissionalizantes que estão sendo essenciais para o meu crescimento pessoal e profissional”, pontuou a participante.