Na última sexta-feira (20), o Centro Maria Imaculada (CMI), serviço de atenção e saúde vinculado à Ação Social Arquidiocesana (ASA), promoveu uma oficina para os pacientes em tratamento da hanseníase. A ação faz parte da programação da campanha “Janeiro Roxo” que tem o intuito de promover a saúde intensificando as ações de combate e prevenção da hanseníase no Piauí.
O projeto surgiu em 2022, com o objetivo de explorar a arte e dialogar com pessoas acometidas pela hanseníase sobre a saúde e o cuidado, ao mesmo tempo em que elas representassem os seus sentimentos através das telas. De acordo com Fábio Solon, professor de Saúde Coletiva da UFPI, o movimento é interessante, já que a hanseníase envolve a perda de movimentos e habilidades no dia a dia. “A hanseníase envolve muitas perdas, incluindo movimentos e habilidades, e se deixar levar pela arte seja com os pincéis ou com as mãos é muito simbólico”, destaca.
Ano passado, os quadros produzidos pelos pacientes foram expostos para visitação na Galeria de Arte do Teresina Shopping marcando o encerramento das atividades da campanha “Janeiro Roxo”. Depois da experiência positiva, foi a vez dos profissionais de saúde participarem de uma oficina com o sentido de “cuidar do cuidador”, onde eles também se representaram através de pinturas.
“A pintura exige muitas questões como uma habilidade técnica por exemplo, mas a nossa preocupação não é o belo e sim a representação, fazendo com que as pessoas se permitam gerando uma avaliação positiva. Se esse ano, a gente conseguir levar de novo uma exposição com a mesma temática, vai ser ainda mais representativo colocando o tema em destaque durante o ano inteiro, mobilizando e sensibilizando as pessoas a fazer diferente”, explica.
Leila Mendes, terapeuta ocupacional do centro, conta que a parceria entre o Centro Maria Imaculada, a UFPI, o Morhan Piauí e a CIATEN (Centro de Inteligência em Agravos Tropicais, Emergentes e Negligenciados) têm mostrado resultados positivos, ampliando o número de pacientes que participaram da oficina. “Nossa pretensão é expor novamente a visão dos próprios pacientes em relação a doença”, afirma Leila.
Diagnosticado com hanseníase em 2018, o paciente Paulo Rodrigues relata que considera o Centro Maria Imaculada como sua segunda casa, onde foi muito bem acolhido por toda a equipe de profissionais. Se antes ele achava que não poderia mais ter uma rotina normal devido às sequelas da doença, com todo apoio que recebeu dos profissionais de saúde, hoje tem trilhado uma vida melhor e mais saudável. “Eu fui recebido de braços abertos no Centro e com toda a assistência necessária para o meu tratamento. Hoje eu tenho outras metas de vida e inclusive consegui através do PROUNI adentrar em uma graduação”, externa.
Para Paulo, poder participar da oficina de certa forma lhe proporcionou liberdade para expressar o que sente em seu íntimo. “O centro é como uma família que nos aceitou na pior condição de nossas vidas, nos mostrando que mesmo diante das dificuldades podemos fazer muito”, finaliza.