Fundada a partir de um gesto de amor e solidariedade, a Ação Social Arquidiocesana (ASA) celebra 65 anos dedicados à missão de acolher e amar às pessoas mais vulneráveis da sociedade. Sua origem remonta ao mês de junho de 1956, na Teresina de um tempo marcado por grandes desafios, em que as distâncias sociais, atualmente ainda tão presentes na sociedade, mostravam algumas de suas faces mais cruéis.
Nas quase sete décadas de atuação, a ASA se consolidou como uma das mais bem-sucedidas iniciativas da sociedade civil dedicada às causas sociais, tornando-se uma referência no cuidado com os mais vulneráveis e contribuindo diretamente para a transformação de milhares de vidas.
A criação da Ação Social Arquidiocesana levou a Arquidiocese de Teresina a se tornar pioneira na assistência social no Piauí, antes mesmo da área se consolidar como uma política pública de caráter estatal. “A ASA nasce em um cenário marcado por confrontos, por indefinições e um forte desejo de transformação social; isso se dá justamente pela falta de ações governamentais de maior expressão. Com isso nós fizemos história no cenário da assistência social e da saúde em Teresina, sempre presente em busca de mudanças. Ela surge no seguimento da caridade e vai, como um organismo vivo, adaptando-se às lutas do povo por mais direitos e por políticas públicas que atendam às necessidades das pessoas em situação de extrema vulnerabilidade”, destaca a secretária executiva da ASA, Carla Simone.
A instituição, reconhecida como entidade de Utilidade Pública pela União, estado e município, surgiu diante da falta de estrutura e o cenário de desamparo social em que viviam muitas famílias na capital do Piauí na década de 50. O contexto despertou em Dom Avelar Brandão Vilela, então arcebispo de Teresina, o desejo de ir ao encontro das necessidades das pessoas, pois para ele era inadmissível que os cristãos vivessem indiferentes ao sofrimento dos mais vulneráveis, como destaca Padre Tony Batista, diretor executivo da ASA.
“Trazendo consigo o lema ‘humanizar e evangelizar’, Dom Avelar acreditava que ninguém pode fazer uma adesão a Jesus Cristo, compreender sua Palavra, se vive na miséria, no abandono e na fome. Por isso, chegando a Teresina, ele se colocou como o pastor dos pobres, e criou a ASA como um instrumento de promoção da pessoa humana para estar sempre ao lado dos mais abandonados da sociedade, não dando esmolas, mas através de ações concretas para que todos tivessem vida, e vida em abundância”, recorda Padre Tony.
O amor que se faz serviço
Unindo oração e ação, a ASA estende os braços da Igreja no socorro às pessoas vulneráveis, e para tanto, atualmente executa de maneira direta nove serviços nas áreas da assistência social e da saúde, contribuindo diretamente para a garantia de direitos e efetivação da cidadania de seus assistidos e de suas famílias.
Em cada ação desenvolvida pela instituição o amor a Deus se faz serviço ao próximo, conforme explica a coordenadora técnica do Centro de Convivência Novos Meninos, que tem como objetivo ampliar trocas culturais e vivências entre crianças e adolescentes, fortalecendo vínculos familiares e comunitários. “Com muito amor e dedicação nós trabalhamos para a promoção, a prevenção e a proteção de crianças e adolescentes através da dança, da música, do teatro e de diversas outras atividades, buscando sempre valorizar as potencialidades de cada um, tornando nossos assistidos protagonistas de suas próprias histórias”, afirma Valdeniria Silva.
A entidade coordena as ações do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Integrar, além de contar também com o Projeto Jovem Aprendiz, que insere os adolescentes egressos dos serviços no mercado de trabalho. Com a finalidade de proteger a infância e a adolescência, a Ação Social Arquidiocesana administra ainda a Casa de Zabêle, dedicada a acolher e orientar meninas em situação de risco ou violência através da arte e da profissionalização. Foi no local que a jovem Ana Valéria encontrou o impulso que faltava para mudar sua realidade.
“Eu me emociono muito em dizer que a casa me ajudou em tudo, até mesmo com minha família, pois vivíamos uma situação de muita desunião. Quando cheguei aqui estava no começo de uma depressão, e aqui encontrei nova inspiração para viver, para enxergar novos horizontes, uma perspectiva que eu havia perdido antes”, relata Ana.
É no âmbito da ASA que também são executados os serviços “Levanta-te, vêm para o meio”, que se dedica a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, além do Centro de Referência Esperança Garcia, que oferece atendimento individualizado com assistência psicológica, social e orientação jurídica às mulheres vítimas de violência na capital.
Desde 2015 a instituição administra o Lar de Santana, uma instituição de longa permanência que acolhe atualmente 18 idosos para acompanhamento integral. Já na área da saúde, a organização mantém também o Centro Maria Imaculada, referência estadual no atendimento das pessoas acometidas pela hanseníase, bem como o Lar de Misericórdia, que se dedica à missão de acolher pessoas com câncer oriundas de outras cidades ou estados para tratamento em Teresina.
Para executar seus serviços e projetos com a qualidade e excelência pela qual é reconhecida, a ASA conta com um verdadeiro exército de parceiros e colaboradores, que vão desde órgãos públicos a empresas privadas. Além disso, a entidade desenvolve anualmente a Caminhada da Fraternidade, maior evento filantrópico do Piauí, que leva milhares de pessoas às ruas de Teresina em nome da solidariedade e do amor pelos mais necessitados.
De ‘asas’ sempre abertas por um mundo mais justo e fraterno
Mesmo com as dificuldades geradas a partir da pandemia da Covid-19 a ASA se mantém firme em sua missão, e em 2020 beneficiou mais de 10 mil pessoas em seus diversos serviços. Para 2021 há a previsão de mais 15 mil atendimentos diretos, além das milhares de famílias beneficiadas por meio de ações de suplementação alimentar com distribuição de cestas básicas e kits de higiene.
Expressando sua gratidão diante da história de lutas e conquistas da instituição, a secretária executiva da ASA destaca que a fé e o desejo de superação são a força que mantém a organização diante dos desafios de cada época. “A ASA é uma entidade sempre aberta a novas propostas que contemplem os mesmos fins nos quais acredita. Por isso segue desenvolvendo estratégias para dar continuidade aos serviços que estão sendo executados e criar novas possibilidades para viabilizar ações que venham atender a sua missão”, finalizou Carla Simone.
65 anos depois da sua criação, a ASA segue com seu trabalho de maneira intensa, buscando vôos cada vez mais altos que lhe permitam seguir transformando realidades e redesenhando o futuro de muitas pessoas, pavimentando seu caminho com o cimento da fraternidade e do amor.