A literatura do Código Canônico descreve que o cristão católico deve fazer jejum de carne toda sexta-feira do ano. Contudo, há flexibilidade para que as Conferências decidam sobre essa prática. No Brasil, a CNBB entende que a prática obrigatória do jejum às sextas-feiras do tempo comum pode ser substituída pela caridade.
“O Jejum traz consigo a ideia de partilha. Aquilo que a gente não come, não é nosso. E nesse entendimento há a beleza da fraternidade. Se estou bem comigo, me relaciono com Deus, partilho com o irmão que precisa comer. Eu não como, mas os outros comem”, explica o padre Amadeu Matias.
Dessa forma, o jejum de alimento que o católico deve acompanhar em unidade com toda igreja é na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa, onde a Igreja pede comunhão total de seus fiéis para vivenciar a paixão, morte e ressurreição de Cristo.
“A igreja quando recomenda a prática do jejum no período da Quaresma, está indo ao encontro sobre a necessidade de algumas ações práticas. Ao renunciar uma alimentação estamos nos exercitando fisicamente e dizendo que Deus está em primeiro lugar. Claro que a gente precisa comer, mas o jejum vai nos treinando, mostrando que a gente pode adiar nossas necessidades físicas, ajudando também na linha de frustração, perdas, capacidade de superar e ir além. É um auto domínio, unidade com a igreja e a declaração de Deus em primeiro lugar”, pontua.
O jejum pode ser exercido de maneira prática com a privação de alguns elementos que não necessariamente seja comida. No período da Quaresma, essa renúncia costuma acontecer também de ações e atitudes que distraiam da vida com Deus. “Há pessoas que podem se privar das redes sociais, por exemplo. Um dia sem olhar uma determinada rede social. Não é tão simples, mas fazer como ato religioso que está em você, demonstra que terá Deus como prioridade no exercício das relações. Para que ao invés de estar envolvido em alguma coisa que fique somente o indivíduo e o smarthphone, o cristão se relacione com as pessoas, vá ao encontro de quem está doente, visite um parente e saia de si. O efeito da nossa vida cristã”, acrescenta padre Amadeu.
Orientações para quem deseja iniciar no caminho do jejum:
Para quem deseja iniciar o jejum, faz-se necessário ter um conhecimento do querer com a vida cristã, dando razão à fé. “É importante que nós tenhamos a liberdade e consciência de que há compromisso nosso com a fé que a gente pratica e essa fé quer de nós um reconhecimento e endurecimento. Crescer na fé é lançar mão de meios que nos ajude nesse crescimento. Não há necessidade de mostrar o que está fazendo ou que as pessoas vejam essa prática, mas que elas vejam semelhança com o Nosso Senhor”, ressaltou.
O padre também sugere jejum ligado ao consumo, ao lazer e ao trabalho. O conteúdo completo dessa entrevista estará disponível no programa Em Tuas Mãos que será exibido no próximo domingo, 28 de fevereiro, a partir das 7h na TV Meio Norte.