No calendário litúrgico da Igreja Católica, os 40 dias antes da Páscoa do Senhor são para refletir sobre a Paixão de Cristo e a construção do Reino de Deus. E é refletindo sobre esses temas que os católicos repensam quem são e quem pretendem ser como cristãos. Por isso que Quaresma está alicerçada sobre o tripé: penitência, autoconhecimento e caridade.
Natália Barcelar é servidora pública e vivencia a fé na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, Forania Leste da Arquidiocese. Há quatro anos ela tomou como decisão, na Quaresma, vivenciar abstinências na tentativa de ter um momento de maior intimidade com Deus.
“Abri mão do WhatsApp. Vejo apenas uma vez por dia. Tomei essa decisão porque, às vezes, a gente se vê dependente das redes sociais. Quase uma escravidão. E falta tempo para o silêncio e a oração. Para mim é difícil, já que a ferramenta é usada muito para comunicação. Mas desde então passei a rezar o terço e tento fazer caridade”, revela.
Ela conta ainda que encontrou certas dificuldades no processo. A comunicação com a família foi dificultada, mas não impossibilitada. E para ela, nada seria proveitoso se não fosse, também, a prática da caridade cristã. É promovendo a abstinência que se sente, em determinados contextos, as limitações de muitos irmãos.
“Não é só se privar sem um sentido. É buscar olhar mais para o outro e, assim, ajudá-lo. Promover a caridade todo dia é difícil, mas temos que tentar. Minha família comenta sobre minha postura, mas entende. Até algumas pessoas também já buscam viver a abstinência. Isso é bom! Mostra que o que estou fazendo tem sentido”, explica Natália.
A Quaresma tem início com a Quarta-feira de Cinzas e vai ser concluída com o início do Tríduo Pascal. Vivendo a penitência com alegria e com responsabilidade cristã, os fiéis se aproximam do ministério da Paixão de Cristo. É o que garante o pároco da igreja de Nossa Senhora da Paz, na zona Sul de Teresina.
“É um momento de autoconhecimento. Negando pequenos prazeres podemos, assim, exercer o autocontrole. Isso é muito positivo! É o que nos pede Deus como meta de vida: viver a santidade. Cristo veio e provou que era possível. Somos convidados a ter essa experiência, pelo menos, nesta época do ano”, explica o padre Antônio Barbosa.
Por Lívio Galeno