Para Deus, a Igreja presta um culto de adoração (“latria”), no qual reconhecemos Ele como o Todo-Poderoso e Senhor do universo. Aos santos e anjos, a Igreja presta um culto de veneração (“dulia”), homenagem. A palavra “dulia” vem do grego “doulos”, que significa “servidor”. Dulia, em português, quer dizer reverência, veneração. “Latria” é adoração, vem do grego “latreia”, que significa serviço ou culto prestado a um soberano senhor. Em outras palavras, significa adoração. Então, não há como confundir o culto prestado a Deus com o culto prestado aos santos.
E é essa a reflexão que o Arcebispo Dom Jacinto sugere a todos os fiéis. “Muitas pessoas que não tem um esclarecimento maior chegam a pensar que os santos são como que pistolões para chegarmos a Deus. Ou ainda concorrentes de Jesus Cristo na distribuição das graças. Eu convido estes a seguir um pensamento simples que vem da própria oração da Igreja: como é que a Igreja chama os Santos? Chama servos de Deus!”.
À Nossa Senhora, por ser a Mãe de Deus, a Igreja presta um culto de “hiper-dulia”, que não é adoração, mas hiper-veneração. A São José, se presta a “proto-dulia”, primeira veneração. De acordo com Dom Jacinto, a mais santa de todos os santos é Maria Santíssima, por isso assim é intitulada. “Eis – me aqui, a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra! Portanto, um santo é santo porque é um servo de Deus”, ratifica Dom Jacinto.
Rogando aos santos, não os olhamos nem os consideramos senão nossos intercessores para com Jesus Cristo, que é o único Medianeiro que nos remiu com Seu Sangue e por quem podemos alcançar a salvação. A mediação e intercessão dos santos não substituem a única e essencial mediação de Cristo, mas é uma mediação “por meio de” Cristo, não paralela nem substitutiva. Sem a mediação única de Cristo nenhuma outra tem poder.
A imagem de um santo tem um significado profundo. Quando se olha para ela, a imagem nos lembra que a pessoa, ali representada, é santa, viveu conforme a vontade de Deus. Então, é um “modelo de vida” para todos.E essa é uma das três realidades destacadas pelo Arcebispo que justifica a postura da Igreja em “estimular e fomentar” a aproximação dos fiéis aos Santos.
“Primeiro porque os santos são testemunhas de que é possível viver o Evangelho. Segundo, os santos se tornam exemplos para nós, no seu modo de agir no relacionamento com Deus. Eles nos dão dicas de como podemos vivenciar esta Palavra. E eles são também nossos intercessores. Lembremos daquilo que dizemos no credo: eu creio na comunhão dos Santos! Lembremos ainda que no centro da missa, os santos estão em comunhão conosco”, relata.
A imagem lembra também que aquela pessoa está no céu, isto é, na comunhão plena com o Senhor; ela goza da chamada “visão beatífica de Deus” e intercede por nós sem cessar, como reza uma das orações eucarísticas da Missa.
São Jerônimo dizia: se, aqui na Terra, os santos, em vida, rezavam e trabalhavam tanto por nós, quanto mais não o farão no céu, diante de Deus! Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que “ia passar o céu na terra”, isto é, intercedendo pelas pessoas.
E de fato, o Catecismo da Igreja nos ensina: “pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na Terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus” (§956).
Por Vera Alice Brandão