Estamos em pleno tempo pascal celebrando a oitava da Páscoa. Durante oito dias vivenciamos esse grande mistério como se fosse um único dia, com o objetivo de viver melhor o ponto central de nossa fé que é a Ressurreição de Jesus.
Já é possível identificar nas Igrejas um símbolo que tem grande representatividade para este momento: o Círio Pascal. O círio é uma grande vela que é acesa e colocada próximo à mesa do altar. Mas o que essa luz significa? Dom Jacinto Brito explica que “essa é a luz que emana de Deus e chega até nós como vida, como salvação e como recriação”, pontua.
A palavra “círio” vem do latim cereus e significa “cera”. O círio, quando aceso, começa a se desgastar e já traz de imediato essa lembrança para nós, do Deus que entregou Sua vida pela redenção da humanidade. A vela da Páscoa, como muitos chamam, fica durante os 50 dias do tempo pascal perto do altar, mais precisamente ao lado da mesa da Palavra, no “ambão”, significando que vivemos o tempo Pascal. “Essa é a luz da vida, luz de Cristo que se doa pelos seus. Como a cera, que vai se gastando para depois iluminar”, explica o arcebispo.
O círio começa a ser preparado na liturgia da Vigília. A luz do Círio Pascal simboliza a alegria da fé que deve irradiar em cada cristão. A fé Naquele que deu a vida e que brilhou no meio da escuridão. Por isso, a celebração inicial da Vigília Pascal se realiza, há séculos, com as luzes da Igreja apagadas, para lembrar exatamente o que confirma Dom Jacinto: “Este símbolo vai nos compenetrando, afinal fomos redimidos por Jesus Cristo. Ele é o princípio e o fim de todas as coisas. A Sua glória se difunde na Igreja com a luz da nossa fé. Desta forma é no Círio Pascal que acendemos as velas na noite da mãe de todas as vigílias, a vigília pascal proclamando assim a glória do ressuscitado”, ratifica.
Na sua estrutura, o Círio Pascal apresenta duas letras do alfabeto grego: alfa e ômega. Traz ainda a grafia do ano corrente e cinco grãos de incenso que são colocados em cinco pontos , com uma oração própria, que representa a doação de uma vida inteira em favor da humanidade. “O alfa e o ômega lembram o Cristo que é completo, o Deus que é eterno e se fez inteiro no meio da nossa humanidade. E Ele é o senhor do tempo, da história e do mundo e, por isso também, o ano presente. Os cinco grãos de incenso cravados no círio simbolizam as cinco chagas de Cristo, o que nos confirma que esse é o Ressuscitado que se apresenta vivo e glorioso. Com as marcas da Paixão nas mãos, nos pés e ao lado. Eis aí Ele que está como sinal desta vitória, com suas chagas e seus troféus de vitórias”, explica o Arcebispo.
Traz também uma imagem muito significativa do cordeiro que se doa e se entrega por amor e gratuidade. Ama porque quer amar. Portanto, de acordo com Dom Jacinto, fica a mensagem de que o Círio Pascal simboliza a alegria da fé que deve irradiar em cada cristão. “A fé Naquele que por nós deu a vida e que brilhou no meio da escuridão. E ao cristão fica a mensagem de que devemos resplandecer esta luz na sua vida, nas suas atitudes, na sua fé e no seu amor para com Deus”, reflete.
E é assim, ao longo do tempo pascal, que a Igreja católica dispõe desta infinita fonte de luz que é acesa em todas as celebrações litúrgicas mais solenes deste tempo, tanto nas missas como nas laudes e vésperas. “É desse círio que vem a luz na hora do batismo, da crisma, e de todos os grandes momentos da Igreja como sinal de que desta fonte única vem a luz. E a certeza de que Ele vai à frente dos seus, como diz a sequencia da Páscoa”, finaliza o arcebispo.
Por Vera Alice Brandão