O mês de agosto para a Igreja no Brasil é marcado pelo agradável clima vocacional. Nas celebrações dominicais, por exemplo, ressalta-se a cada domingo a importância de uma das vocações específicas. Neste contexto, nota-se na riqueza das diversas vocações quão grande é a criatividade divina. Deus se “preocupou” em criar diferentes ministérios para que fosse possível contemplar todas as realidades da missão.
Ao mesmo tempo, a Igreja vive a graça de um Jubileu Extraordinário da Misericórdia, tempo oportuno para evidenciar o importante mandato de ser testemunha da misericórdia: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.” (Lc 6, 36). No decurso deste Jubileu, todos os batizados são convidados a experimentar a alegria de estar na casa da misericórdia, onde as vocações germinam, crescem e dão frutos. Brota aqui a importância de se evidenciar que toda vocação é chamada a ser expressão misericordiosa e “misericordiada”.
O duplo movimento, usar de misericórdia e ser alcançado pela misericórdia, de uma parte revela o dinamismo da acolhida e do perdão de Jesus diante dos pecadores, e, de outra parte, lembra a cada pessoa a história, às vezes, vergonhosa que se encontra no mais íntimo do ser, e que foi a ocasião de aproximação do Mestre, levando ao conhecimento e ao perdão de Deus.
Neste kronos da misericórdia, demonstra-se também que cada pessoa é convidada a abordar o problema da acolhida da diferença. Diante do meio plural em que se vive, só uma experiência cristã livre de desequilíbrios é capaz de ver no diferente uma fonte de riqueza e de diálogo. Valer-se dessa proposição diante das diversas vocações é um passo fundamental na construção de uma cultura vocacional. Por isso, as vocações leigas, religiosas e sacerdotais devem caminhar em unidade, numa complementariedade capaz de revelar a razão da jornada.
Eis o tempo oportuno para evidenciar a vocação misericordiosa ou a misericórdia vocacional que se assume diante do chamado de Deus. Ele nos chama (agosto) para o conhecimento da Sua Palavra (setembro) e, por conseguinte, nos envia em missão (outubro). Maria, mãe das vocações, interceda para que todas as pessoas consigam percorrer um itinerário vocacional capaz de tornar nítida a verdadeira identidade cristã.
Antonio Rômullo P. R. de Sousa
Seminarista da Arquidiocese de Teresina