O trabalho foi iniciado recentemente em comparação com pastorais que já beiram a tradição em nossa Arquidiocese de Teresina. E a missão da Pastoral do Surdo tem se destacado e foi visitada pela equipe de reportagem do programa Em Tuas Mãos. O curso de formação de interpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) começou há dois anos de uma forma natural.
“Uma paroquiana do bairro Belo Vista perdeu o irmão e solicitou que a missa de sétimo dia contasse com uma interprete de Libras. Não tínhamos e para não deixá-la na mão foi chamado um interprete, mas de outra religião. Foi essa situação que nos motivou a investir na formação de interpretes cristãos”, conta a instrutora Socorro Nunes.
Desde então, os encontro são semanais. Em grupo, os alunos aprendem a se comunicar e a levar a palavra de Cristo aos que não escutam. Atualmente, são 25 pessoas inscritas. Recentemente, a oferta de vagas teve que ser reforçada devido a grande procura de pessoas interessadas em aprender mais sobre a Libras e, assim, derrubar entraves para a comunicação paroquial.
“Hoje, o curso é ofertado em dois módulos; o primeiro dá conhecimentos básicos, apresenta sinais católicos que facilitam o entendimento e ensina verbos e palavras mais básicas. O segundo módulo é avançado e apresenta aos alunos uma maneira de interação mais informal e mais próxima do que usamos no dia-a-dia”, explica Socorro Nunes.
Um dos alunos matriculados é o pároco da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, padre Chagas Martins. A decisão foi tomada com o intuito de se aproximar cada vez de todos os paroquianos do bairro Bela Vista, zona Sul de Teresina. O resultado tem agradado e motivado o religioso que até revela se sentir um cristão mais completo.
“Agora posso me comunicar com todos os irmãos durante as celebrações eucarísticas e até já dá pra me arriscar em confessar através das Libras. Esse é um direito que os surdos tem e nós, como igreja, temos que ofertar para os nossos paroquianos. Realmente é uma felicidade poder prestar esse serviço à comunidade em geral”, revela o religioso.
O trabalho da Pastoral do Surdo foi tão bem aceito na comunidade que ganha adeptos como a aposentada Ieda Araújo. Há 40 anos residindo no bairro ela diz que o sentimento é de dever cumprido com a possibilidade de quebrar barreiras e evangelizar através de sinais executados com as mãos.
“Não sou deficiente auditiva e nem possuo parente nesta condição, mesmo assim é muito gratificante ver nossa comunidade crescer e ofertar a palavra de Jesus Cristo a quem quer que seja, não importante raça, condição social ou limitações físicas. Nossa igreja sai ganhando”, analisa a aposentada que atua como ministra da eucaristia também.
E pelo menos uma vez por mês, sempre no último domingo, a paróquia de Nossa Senhora de Nazaré conta com um interprete de Libras acompanhando e traduzindo a Celebração Eucarística para os deficientes auditivos. Nos outros fins de semana, os interpretes com maior experiência, se revezam acompanhando as missas em nossa Arquidiocese de Teresina.
Por Lívio Galeno