A Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, localizada no bairro Vermelha, foi oficialmente tombada como patrimônio cultural brasileiro na última segunda-feira, 11 de novembro. A decisão foi ratificada durante a 106ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), conferindo à igreja um lugar de destaque entre os bens culturais do país.
Com esse tombamento, a Arte Santeira em Madeira do Piauí será inscrita no Livro das Formas de Expressão, e a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes será inscrita no Livro do Tombo das Belas Artes, Livro do Tombo Histórico e Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Este é um feito inédito, já que é a primeira vez que o Iphan registra simultaneamente um bem imaterial e realiza o tombamento de uma edificação com seu acervo artístico.
Embora o tombamento provisório da igreja tivesse sido concedido em 2011, o reconhecimento definitivo veio após análises detalhadas sobre a arquitetura do edifício e um inventário das obras de arte santeira do Piauí, que fazem parte do seu acervo. O padre Antônio Cruz, pároco da igreja há quase vinte anos, esteve presente na reunião.
Construída entre as décadas de 1960 e 1970, a igreja possui um notável conjunto de arte sacra, incluindo esculturas em madeira de importantes artistas, como Mestre Dezinho e Mestre Expedito. Erguida após o Concílio Vaticano II, a igreja foi pensada para aproximar a Igreja Católica das classes trabalhadoras, incorporando símbolos religiosos que dialogam com a cultura popular local. Para completar o ambiente de fé, o pároco da época, padre Francisco das Chagas Carvalho (in memorian), convidou os mestres escultores, inspirados pelo artista Afrânio Castelo Branco, cujas pinturas também adornam o templo.
Além de seu valor arquitetônico, o acervo artístico da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes representa um patrimônio espiritual e cultural para o Piauí, uma expressão da devoção popular que a comunidade ajudou a preservar e que agora recebe seu reconhecimento formal. A mobilização da comunidade local foi essencial para esse processo de tombamento, que é motivo de celebração para todos que se dedicaram à causa.