Desde 2014, setembro tem sido dedicado à prevenção do suicídio por meio da Campanha Setembro Amarelo, trazendo à tona discussões sobre saúde mental e empatia. Dentro desse contexto, é necessário considerar a saúde mental dos sacerdotes, que, assim como qualquer pessoa, podem enfrentar transtornos psíquicos já que passam por um longo processo de formação, buscando alcançar a maturidade integral: física, espiritual e psíquica.
A médica psiquiatra Krieger Olinda explica que os sacerdotes, como qualquer ser humano, têm suas limitações e dificuldades. “Como homens, eles já enfrentam uma maior dificuldade em expressar seus sentimentos. Além disso, a natureza do trabalho sacerdotal é exaustiva, com poucos momentos de descanso. Eles precisam estar disponíveis por longos períodos, lidando frequentemente com as dores dos fiéis. Isso, somado à solidão inerente ao ofício, aumenta o risco de desenvolver problemas psiquiátricos”, afirmou.
Discutir saúde mental leva à reflexão sobre as condições que podem causar adoecimento e as formas de prevenção. No caso dos sacerdotes, há uma grande pressão sobre sua imagem, como se eles fossem isentos das fragilidades comuns a todos os seres humanos. “Muitos os enxergam como figuras que não podem ter defeitos, dores ou sofrimentos, que devem estar sempre firmes e prontos para atender aos outros. Essa visão muitas vezes resulta na negligência de sua saúde mental, e sem um tratamento precoce, a doença pode evoluir para situações mais graves”, acrescentou a psiquiatra.
Segundo a médica, a predisposição genética, quando combinada a fatores externos de estresse, pode desencadear a doença. “A doença mental é o resultado de uma combinação entre genética e ambiente. Se um indivíduo já tem predisposição genética e é submetido a condições intensas de estresse, a doença pode se manifestar. No entanto, a fé pode contribuir para uma recuperação mais rápida e eficaz”, destacou.
A prevenção dessas doenças entre sacerdotes envolve a prática regular de exercícios físicos, momentos de descanso, uma alimentação saudável, o cultivo de hobbies, a aproximação com outros membros do clero e, principalmente, o acesso a atendimento psicológico e psiquiátrico qualificado, tanto durante a formação quanto ao longo de sua missão presbiteral. A comunidade também desempenha um papel importante, ao reconhecer que o sacerdote, assim como qualquer outra pessoa, tem suas limitações e precisa de acolhimento.