SAUDAÇÃO AO POVO DE DEUS NA ARQUIDIOCESE DE TERESINA
“Corações ardentes, pés a caminho”
Amados irmãos e irmãs da Arquidiocese de Teresina, saúdo a todos (as) com um forte abraço e votos de Feliz Ano Novo. Dirijo-me Fraternalmente ao querido irmão Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, aos irmãos presbíteros, diáconos, religiosas e religiosos, seminaristas, leigos e leigas engajados nas comunidades eclesiais missionárias, pastorais, movimentos, associações religiosas, serviços, Novas Comunidades, movimentos, colaboradores(as) e voluntários(as). Saúdo todas as autoridades constituídas, civis e militares nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em Teresina e nos demais 36 municípios desta Arquidiocese. Dirijo-me igualmente, às pessoas de boa vontade que pertencem a outras confissões religiosas ou que mesmo não professando nenhum credo, trabalham pelo bem do próximo, promovem a paz e a construção de uma sociedade justa, solidária e fraterna.
É sem sombra de dúvida que por Providência Divina, no dia de hoje, a Santa Igreja Católica através do Papa Francisco, tendo aceitado a renúncia canônica do estimado Dom Jacinto, sétimo Arcebispo de Teresina, nomeou-me e convocou-me para ser o oitavo Arcebispo desta amada Arquidiocese.
Com o “coração ardente” desejo falar a seus corações, nesta hora em que Igreja, enlutada ora pelo Papa emérito, Bento XVI e se prepara para seu sepultamento, na esperança da feliz ressurreição. Tenho muita gratidão pelo Papa que hoje parte, por ter me nomeado bispo da Igreja a quinze anos, fazendo-me compartilhar com ele, esse ministério de amor e serviço que exerci, inicialmente, na diocese de Oeiras; depois na diocese de Parnaíba e, hoje, bispo eleito da Arquidiocese de Teresina.
Nas duas vezes que me encontrei pessoalmente com o Papa Bento, em 2008, no encontro mundial de bispos novos e, em 2009, na minha primeira visita ad Limina, pude sentir o odor da santidade em um homem “teólogo, bispo e Papa, que nos deixou um grande legado, no qual se destacam o amor pela Igreja e a preocupação pelos rumos do mundo” (Nota da CNBB). Senti nele, também a humildade e a sabedoria do Vigário de Cristo, que me confirmou e me encorajou no exercício do episcopado, que estava apenas iniciando. No longo período de sua emeritude, com o seu silêncio ensinou a como nos preparar, “não para o fim, mas para o encontro definitivo com o Senhor”.
Obrigado, querido Papa! Descanse em paz e bem de pertinho da Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, faça uma prece por mim, pelo meu novo pastoreio e pelo povo de nossa Arquidiocese.
Teresina é uma Arquidiocese querida e destacada no cenário eclesial, estadual e nacional por sua história e atuação em favor do Reino de Deus, pela unidade do clero e pelo cuidado dos pobres, na Região Metropolitana de Teresina e no Piauí, desde a sua criação, em 1901, vindo a ser instalada canonicamente, em 1903, a exatos 120 anos, que celebrará no próximo mês de março. Chegou a consolidar-se como Igreja Particular em 1906, com a chegada de seu primeiro bispo, Dom Joaquim Antônio de Almeida.
Dali em diante, esta Igreja Particular tem sido agraciada com a presença de grandes pastores que nela traçaram uma belíssima trajetória. Faço aqui, memória agradecida, partindo do primeiro bispo supracitado, sucedido por Dom Otaviano de Albuquerque, Dom Severino Vieira de Melo, Dom Avelar Brandão Vilela, Dom José Freire Falcão, Dom Miguel Fenelon Câmara e Dom José Gonzalez Alonso (auxiliar), Dom Celso José Pinto da Silva, Dom Sérgio da Rocha e Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho a quem saúdo com gratidão e cujo apoio espero obter.
Esses meus predecessores, que por aí passaram, contaram com a solicitude e empenho do presbitério, diáconos, seminaristas, consagradas (os) e, sobretudo, com a força do protagonismo dos cristãos leigos e leigas. Todos, como discípulos missionários de Jesus Cristo, têm testemunhado a fé com sentimento de pertença, de comunhão e participação numa Igreja viva e madura a serviço da “vida em plenitude”. Prossigamos juntos, como Igreja Sinodal sem medo de lançar as redes em águas mais profundas.
Saúdo particularmente, e de modo especial aos presbíteros deste amado Presbitério, que por algum tempo me acolheu e do qual, depois do meu presbitério de origem, Campo Maior, sinto ser um co-presbitério meu, pois a maior parte de minha vida sacerdotal foi aí que vivi. Como discípulos missionários colaboradores preciosos e indispensáveis da Ordem Episcopal, vamos juntos “cuidar de nós, e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo nos estabeleceu como guardiães, como pastores da Igreja de Deus” (Cf. Atos 20,28).
Contem comigo, na proximidade, oportunamente tão recomendada pelo Papa Francisco, durante a Visita ad Limina (maio de 2022). Contem com a minha proximidade de pai, de irmão, de amigo. Espero também poder contar com vocês!
Meu propósito de proximidade, apreciada por mim, e exortada pelo Santo Padre, estende-se a todos os arquidiocesanos (as).
Sei que Deus não me chamou e me enviou por meus próprios méritos. Quem sou eu? Sou pequeno, sou limitado diante da grandeza deste ofício, ainda mais exigente nos tempos hodiernos, no mundo cada vez mais urbano com seus desafios, mudanças e contradições. No entanto, ouso dizer com o apóstolo que é “pela graça de Deus que sou quem sou” (1Cor 15,10). É com ela que eu conto! E seguindo o itinerário do mesmo apóstolo, sinto o Senhor a dizer-me: “Não tenhas medo…porque eu estou contigo…Nesta cidade há um povo numeroso que me pertence” (At 18,9).
Contem comigo! Venho na força do Espírito Santo em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, de coração e braços abertos, para servir, entregando minha vida pelo anúncio da boa nova do Reino a todos, com especial predileção aos mais pobres e sofredores. Rezem por mim e ajudem-me a ser bom discípulo e bom pastor, do jeito que vocês merecem ter.
Em breve estarei aí definitivamente, com os “pés na missão”. Ainda preciso ficar em minha querida Parnaíba, de onde saio sangrando e de cujo povo levarei apreço, gratidão e saudade. Pensei que aqui fosse viver o que me resta da minha vida e de meus dias, mas Deus me mandou sair. Bispo “em saída” com a Igreja. Em Parnaíba, devo ainda cumprir agenda como Administrador Apostólico, até o dia 25 de fevereiro, data em que chegarei a Teresina, com o “coração ardente” à inteira disposição para ser apresentado, às 19h, para vocês tomarem posse de mim. Todos estão convidados.
Mais uma vez, confio minha missão episcopal e toda esta Arquidiocese a Nossa Senhora das Dores, “Virgem Mãe da Soledade”, e a São José, que intercedam por nós junto a seu filho Jesus Cristo.
Por enquanto, despeço-me, suplicando a Deus uma bênção a todos, com voto de um Feliz Ano Novo!
O Senhor vos abençoe e vos guarde. Faça brilhar sobre vós a sua face, e se compadeça de vós. Volte para vós seu olhar e vos dê a sua paz. Amém.
Para que todos tenham vida (Jo 10,10)
Parnaíba, 04 de janeiro de 2023
+ Juarez Sousa da Silva
Arcebispo eleito de Teresina
Administrador Apostólico de Parnaíba