O Regional Nordeste IV da CNBB promoveu nos dias 16 e 17 de julho a 15ª Romaria da Terra e da Água, na cidade de Piripiri, território da diocese de Parnaíba. Refletindo o tema “Terra e Água, direitos Sagrados”, o evento reuniu caravanas das oito dioceses do Piauí para dialogar sobre os cuidados com a criação e os direitos sobre o uso da terra e da água, em defesa dos mais vulneráveis.
O evento já faz parte do calendário católico no estado e contou com uma programação diversificada como o memorial das romarias, que destaca detalhes das edições anteriores, além de oficinas sobre temas da atualidade que impactam diretamente na vida do povo. Ao final do primeiro dia foi realizada ainda a Tribuna do Povo, onde os romeiros puderam partilhar os resultados das oficinas e apresentar suas dores e alegrias sobre o cuidado com a terra e a água. Após a tribuna houve ainda uma programação cultural, com apresentações e momentos de louvor.
Na madrugada do domingo (17), os romeiros seguiram em uma grande caminhada em preparação para a missa de conclusão do evento. O arcebispo metropolitano de Teresina, Dom Jacinto Brito, juntamente com representantes de movimentos sociais e caravanas de diversas paróquias da Arquidiocese de Teresina, também marcaram presença na romaria.
Para Dom Juarez, Bispo da Diocese de Parnaíba e coordenador do Regional, a Igreja é chamada a ser missionária e a Romaria é um forte momento de anúncio a boa notícia de Cristo, não podendo haver boa notícia se não há justiça, paz, liberdade e direito à vida. “A Romaria se propõe a ser um desabafo do grito dos pobres da terra. Uma forma de clamor também aos nossos governantes, para que todos possam ter acesso a dignidade e aos recursos essenciais para a vida”, explica.
A Romaria é um momento muito significativo para a Igreja no Piauí, pois é a partir dela que se torna visível as diversas situações das dioceses, além de ser uma oportunidade de debate em que são apresentadas pautas, angústias e alegrias. De acordo com o bispo da diocese de Bom Jesus do Gurguéia, o Brasil tem um papel preponderante no cenário internacional. “Nós somos afetados diretamente, por isso viemos aqui hoje discutir as relações entre a água e a terra, grandes projetos e as questões agrária e fundiárias”, destaca o bispo.
Objetivos da Romaria
O objetivo principal da Romaria este ano, era que as discussões temáticas surtissem efeitos positivos, principalmente para as pessoas em situação de pobreza. Outro fator discutido durante o evento foi a questão do ódio e da intolerância que precisa ser superado. De acordo com o Frei Leandro Silva, pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, a escolha da cidade de Piripiri foi uma decisão conjunta dos padres da diocese, por conta da localização central, contribuindo com a vinda dos romeiros para o encontro.
O evento traz a necessidade do compromisso em defesa da vida, porque água e terra são recursos essenciais para a sobrevivência humana. “Muitas vezes nós estamos degradando os recursos e não estamos conscientes disso. Esse encontro é muito mais do que uma manifestação religiosa, é uma manifestação profética, onde anunciamos o reino de Deus na mesma forma que denunciamos a degradação da natureza”, afirma o diácono Narcélio Castro, integrante da Diaconia da saúde da Arquidiocese de Teresina.
Para Raimundo Silvério, missionário redentorista leigo da Paróquia São José operário, participar mais uma vez do encontro foi uma grande alegria. “É uma luta do nosso povo reivindicando as suas necessidades e o bem comum. Minha expectativa é almejar aquilo que nós desejamos e realizar um trabalho continuo com novas ações”, finaliza.
A próxima romaria está prevista para ser realizada em 2024 e a Diocese de Bom Jesus do Gurgueia será a próxima diocese a sediar o evento.