Como diz uma das mais belas canções do Padre Zezinho, scj , “por causa de um certo Reino, estradas eu caminhei”. Faço minhas essas palavras, pois posso dizer que as estradas que percorri e ainda percorro na caminhada vocacional são motivadas pelo Reino de Deus.
A missão de um vocacionado tem tudo a ver com a expansão do Reino de Deus a partir daqui, de agora. O momento do “sim” ao chamado que Deus faz a cada um de nós é o desabrochar da existência para a proposta do trabalho de fazê-lo crescer e contribuir para que ele chegue à plenitude no fim de tudo, em cada irmão e irmã, no seio do mundo. A partir de agora, partilho em breves palavras minha aventura em busca de corresponder ao chamado de amor do Pai, um pouco das estradas palmilhadas na direção da vontade Dele.
Desde os primeiros anos de minha vida, manifestei apreço pela Igreja. Nasci em Teresina aos 8 de abril de 1994. Fui batizado na comunidade matriz da paróquia de São José de Timon, cidade natal de meu pai. Cresci e fui educado por minha mãe e avós maternos no bairro de Fátima, onde morei até minha entrada no Seminário. Meus pais, Edna de Jesus Rodrigues Waquim (in memoriam) e José Waquim Filho, sempre me recordaram que eu gostava bastante de frequentar os templos, desenhar santos e brincar de missa. Cedo já falava que queria ser padre. Creio firmemente que foi na infância que Deus plantou a semente da vocação ao ministério ordenado. Não tenho dúvidas.
O tempo foi passando, e na pré-adoslescência e adolescência outros ideias foram surgindo, naturalmente, como é próprio dessas fases. Desejo de casar, constituir família, construir carreira. Mas no fundo do coração estava latente a atração pelo sacerdócio. Uma figura que me marcou bastante de forma positiva, pela sua expressão e trabalho pastoral, foi nosso Vigário-geral Padre Tony Batista, então pároco de minha paróquia de origem, Nossa Senhora de Fátima. Lá, participando das missas presididas por ele, fui aprendendo muito sobre a fé e a vida. Em 2009, ingressei no grupo de acólitos Coração de Maria da comunidade matriz da paróquia. Durante 5 anos que servi no altar da eucaristia como “coroinha”, estreitei o contato com meu pároco e fui me entrosando com a comunidade paroquial, num aprendizado constante de ser igreja que olha para o céu ao mesmo tempo que os pés estão firmes no chão. Foi nesse período que cheguei ao momento crucial em que deveria dar uma resposta definitiva à interrogação que queimava meu coração por dentro: sim ou não ao chamado para o sacerdócio? Disse sim! Porquê me chamou? Não sei! Padre Tony ensinou que o Senhor chama quem ele quer, na hora que quer e porque ele quer. Tudo é mistério.
Após comunicar ao meu pároco, fui encaminhado à equipe de acompanhamento vocacional da Arquidiocese de Teresina e, ao final do período de acompanhamento, fui aprovado para o ingresso ao seminário. Entrei no Seminário Propedêutico São João Paulo II a 6 de fevereiro de 2014. Após um ano introdutório lá, ingressei no Seminário de Filosofia Dom Edilberto Dinkelborg e lá permaneci por 3 anos. Após concluir o curso de licenciatura em Filosofia em 2017, entrei em 2018 no Seminário de Teologia Sagrado Coração de Jesus, onde atualmente moro e estou prestes a concluir a formação seminarística em vista do ministério sacerdotal.
De lá para cá, contabilizando mais de 7 anos de seminário, posso dizer que, em meio às orações, estudos, convivência fraterna, estágios pastorais e formações, pude aprender bastante sobre o ser cristão, numa verdadeira escola do Evangelho. Apesar das dificuldades e falhas que todo processo que envolve seres humanos comporta, o dedo de Deus, que é o seu Santo Espírito, conduz todos os acontecimentos como brisa leve a tocar nosso ser e nosso agir. Ele que é o grande protagonista da formação sacerdotal. Não somos nós em primeiro lugar. Colaboramos fazendo nossa parte, nos entregando totalmente na abertura e docilidade às etapas do processo formativo do seminário. E, graças ao auxílio de Deus que nunca falta, posso dizer, na altura em que estou, no quarto ano do curso de Teologia e último da formação, que já não sou mais o mesmo. De fato, Deus capacita seus escolhidos em vista da missão. Não me arrependo de nada. Não me arrependo de ter deixado casa, família e tudo o mais para percorrer as estradas rumo ao Reino. Deus nada me tirou, pelo contrário, deu tudo! Ele sempre provê e proverá por caminhos que só ele conhece. É o que acredito.
Por fim, agradeço a Deus por tantas vivências, novos aprendizados, lutas travadas e lugares percorridos ao longo desses mais de 7 anos de seminário e pelas experiências que tive neles. Todos fazem parte das estradas que caminhei, e hoje trago no coração para sempre. Mas não quero dizer com isso que parei. Avante! Há mais estradas para caminhar até chegar a este certo Reino.
Seminarista: Yago Waquim
Arquidiocese de Teresina
Estudante do quarto ano de Teologia