A visão de Igreja e de mundo luminosa, esclarecedora e, sobretudo, crítica do Papa Emérito Bento XVI, serviu de inspiração para Rudy Assunção. O professor catarinense esteve em Teresina para apresentar as obras de sua autoria que valorizam a história de vida e vocação de Joseph Ratzinger. O escritor que já foi seminarista e leciona hoje no Centro Universitário Católico de Quixadá, no Ceará, revela que despertou o interesse por Ratzinger, ainda na adolescência, aos 15 anos de idade. Movido pelo modo de pensar de Bento XVI, ele se tornou um dos maiores pesquisadores do país sobre a obra Ratzingeriana-beneditina.
Pai de três filhos, o professor doutor em sociologia política ajudou a criar no Brasil a Sociedade Ratzinger. Atualmente, a instituição cuida da publicação da obra completa de Bento XVI no país. “Eu fui seminarista por dez anos. Quando estava no Seminário Menor na Diocese de Tubarão (SC) chegaram às minhas mãos alguns exemplares da Revista, já extinta, 30 Dias na Igreja e no Mundo (a edição original era italiana). Nela apareciam, invariavelmente, artigos do então cardeal Joseph Ratzinger. Eu, com apenas 15 anos, vi-me confrontado com uma visão de Igreja e de mundo luminosa, esclarecedora e, sobretudo, crítica”, diz justificando o escritor.
A mais recente obra literária de Rudy leva o título de “Bento XVI, A Igreja Católica e o Espírito da Modernidade”, mas na carreira do escritor já escreveu três livros. “Sempre me fascinou o fato de eu ter apenas 15 anos e entender tudo que ele falava. O mérito é dele, pois se utilizava de um argumento claro e aberto. A visão dele é muito católica indo à essência daquilo que é doutrina da Igreja”, diz.
Sobre as obras, o escritor destaca qual foi a intenção de cada exemplar. “O primeiro livro foi intitulado Sacrifício da Palavra – A liturgia da missa segundo Bento XVI. Nessa obra é feita a explicação de cada momento da missa. Uma necessidade que percebi de levar ao meio católico uma explicação, a partir do mistério celebrado. O que é gloria, sinal da cruz, saudação inicial. A minha preocupação era fazer com que o pensamento do Bento XVI, tão profundo e tão erudito chegasse às pessoas por aquilo que lhe é mais familiar: a missa. O segundo livro ‘O primado do Amor e da Verdade – O patrimônio Espiritual de Joseph Ratzinger – Bento XVI’ é como se fosse uma pequena biblioteca com diversas temas que ele discorreu. Antropologia teologia, trindade, liturgia, Igreja e mundo, filosofia. Já no terceiro e mais recente, apresentei uma visão do papa teólogo sobre o mundo de hoje. A minha preocupação é mostrar que ele não é conservador e fechado. Na verdade ele é um homem que sempre dialogou com a modernidade. Eu mostro a visão dele da origem sobre modernidade. A relação com a política, estado, técnica, ciência e economia”, esclarece.
O escritor busca ainda com suas produções valorizar o que, segundo ele, sempre foi a principal missão de Bento XVI, enaltecer o amor de Deus. “Precisamos do amor, mas com a verdade. Esta é a perenidade da obra ratzingeriana-beneditina: por chamar atenção para a urgência de voltar a pôr Deus no centro do debate. Eu poderia elogiar Ratzinger como um dos maiores teólogos do século XX, falar da importância do seu papado etc. Tudo isso é muito conhecido. Mas eu diria que Bento XVI chamou atenção para o essencial: Deus. E que em um mundo como o nosso é preciso restabelecer o diálogo entre fé e razão, para que a fé não justifique a violência e a arbitrariedade e que a razão ou a falta dela não justifique o totalitarismo ideológico que oprime a verdade. Precisamos de Deus. Precisamos do amor, mas com a verdade”, defende.
Segundo o professor as obras também buscam esclarecer mitos sobre Bento XVI como a temática do nazismo. Muitos chegaram a afirmar que o pai do papa emérito era nazista. “O Pai de bento XVI assinava um jornal. Ao contrário do que muitos dizem, ele instruiu os filhos sobre o mal desse modelo. Bento XVI e seu irmão dizem que o pai ficava enraivado com a ascensão do poder de Adolfo Hitler (político alemão que serviu como líder do Partido Nazista. Um ditador do Reich Alemão e principal instigador da Segunda Guerra Mundial na Europa, além de figura central do Holocausto). É preciso dizer que Adolfo Hitler conseguiu amarrar bem as coisas de uma forma que se os jovens não se alistassem ficariam sem estudo. Portanto, existia uma pressão. Na época tinha um alistamento compulsório. Ou isso ou a morte. Mas devemos dizer que Bento XVI não disparou uma bala na guerra. Ao contrário, quando dizia que queria ser padre nos campos de concentração era objeto de zombaria. Mas ainda sim, já naquele cenário era um homem de profunda espiritualidade e quando fugiram do campo de batalha só não foram fuzilados porque os nazistas que cruzaram o caminho já estavam bem cansados da guerra”, revela o escritor.
Para Rudy Albino algumas frases de Bento XVI o definem e reforçam que o papa emérito sempre foi um homem de Deus. “Ele sempre buscou a mostrar ao mundo que amor e verdade não estão desconectados. Tem uma frase dele que gosto muito: ‘A fé cristã pode dizer de si mesma, achei o amor’. Isso revela a doçura da sua teologia. No inicio da sua Primeira Carta Encíclica há uma outra frase que também diz muito. ‘O princípio do ser cristão não está em uma grande ideia, nem em uma grande filosofia, mas sobretudo em um encontro com uma pessoa que dá um rumo decisivo na vida que é a pessoa de Jesus”, diz finalizando Rudy Albino.
Se você despertou interesse pela obra de Rudy Albino e deseja se aprofundar nas ideias e pensamentos de Bento XVI, os exemplares podem ser encontrados em livrarias de Teresina.
Mais sobre Rudy Assunção
Doutor e Mestre em Sociologia Política pela UFSC; Bacharel em Filosofia pela UNIFEBE e docente da UNICATÓLICA. Sua tese intitulou-se “O ‘espírito’ da modernidade na visão de Joseph Ratzinger-Bento XVI”. Dedica-se ao estudo e à divulgação do pensamento e do magistério de Joseph Ratzinger-Bento XVI. Dos seus trabalhos, destacam-se: a organização de “Ser cristão na era neopagã” e “As sete lâmpadas da santificação, catequeses sobre as virtudes cardeais e teologais”. Organizou a obra “O Primado do Amor e da Verdade, O ‘patrimônio espiritual’ de Bento XVI”. Traduziu o livro de Pablo Blanco, intitulado “Bento XVI: um mapa de suas ideias”. Seu primeiro livro se intitula “O Sacrifício da Palavra, a liturgia da Missa segundo Bento XVI”.
Com Informações de Rodrigo Carvalho e do site da Editora Paulus
Por Vera Alice Brandão