Conhecido como “homem da paz e da caridade”, o primeiro religioso nascido no Brasil a ser beatificado pelo Vaticano, Frei Galvão, era filho de pai português e mãe brasileira. Nasceu em um ambiente familiar religioso, no Estado de São Paulo (na cidade de Guaratinguetá), e ainda com 13 anos foi enviado pelos pais ao Estado da Bahia para estudar no Seminário dos Padres Jesuítas. ‘Cheio de caridade, não media esforços para aliviar os sofrimentos alheios’, destaca como marca principal do santo, nosso arcebispo Dom Jacinto Brito. Por isso o povo recorria a ele em suas necessidades. E essa busca perdura até os dias atuais.
+Em 1760, ingressou no noviciado da Província Franciscana da Imaculada Conceição, no Convento de São Boaventura do Macacu, na Capitania do Rio de Janeiro. Foi ordenado sacerdote no dia 11 de julho de 1762, sendo transferido para o Convento de São Francisco em São Paulo.
Na Arquidiocese de Teresina, podemos citar, em especial, uma missa que acontece todo dia 25 de cada mês na Paróquia de São Raimundo Nonato (Forania Sul II), bairro Piçarra. Lá são distribuídas as pílulas de Frei Galvão. E para entender essa devoção e fé no Santo é preciso voltar ao passado. Quem nos ajuda a recordar é o Frei Marcos Antônio, Vigário Paroquial da Paróquia.
“Diz a história que o frei era sempre acionado por ajuda na busca de cura. Numa dessas ocasiões, escreveu em um pedaço de papel uma frase em latim do Ofício de Nossa Senhora (“Após o parto, permaneceste virgem: Ó Mãe de Deus, intercedei por nós”). Em seguida, enrolou o papel no formato de uma pílula e deu-o a uma jovem cujas fortes cólicas renais estavam colocando sua vida em risco. Depois que ela tomou a pílula a dor cessou imediatamente e ela expeliu uma grande quantidade de cálculo renal. Em outra ocasião, um homem pediu a Galvão que ajudasse sua esposa, que enfrentava complicações na gestação. Frei Galvão ofereceu a ela a pílula de papel, e a criança nasceu rapidamente, sem maiores dificuldades. Foi ai então que a história das pílulas se espalhou rapidamente e Galvão teve que ensinar às irmãs do “Recolhimento da Luz” como fabricá-las, mantendo a tradição até os dias de hoje”, relata o Frei.
A caridade de Frei Galvão brilhou, sobretudo, como fundador do mosteiro da Luz, pelo carinho com que formou as religiosas e pelo que deixou nos estatutos do então Recolhimento da Luz. “Toda a sua pessoa era caridade, delicadeza e bondade. Testemunhou a doçura de Deus entre os homens. Era o homem da paz”, acrescenta o Frei.
Em 1774, fundou o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência, hoje Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição.
O dia 25 de outubro (próxima quinta-feira) é data oficial em que recordamos o santo. Foi estabelecido, na Liturgia, pelo Papa João Paulo II, na ocasião da beatificação de Frei Galvão em 1998 em Roma. Com a canonização do primeiro santo que nasceu, viveu e morreu no Brasil, a 11 de maio de 2007, o Papa Bento XVI manteve a data de 25 de outubro. Isso ocorreu durante a visita de cinco dias do Papa Bento XVI ao Brasil. A cerimônia de mais de duas horas, realizada ao ar livre no Aeroporto Militar Campo de Marte, perto do centro de São Paulo, reuniu cerca de 800 mil pessoas, segundo estimativas oficiais.
“Eu participei desse importante momento para a Igreja do Brasil. Ele é o primeiro santo nato. Homem cuja vida e testemunho são marcados pelo zelo missionário. O que ele queria era que as pessoas lembrassem de rezar a súplica escrita na pílula de papel pedindo a Nossa Senhora a intercessão na busca da cura”, reafirma Dom Jacinto Brito.
Por Vera Alice Brandão