A Semana Santa é o ponto de chegada de toda a caminhada na Quaresma. Foram 40 dias de um verdadeiro retiro para os cristãos, tendo em vista a sua conversão. E para bem viver este tempo que é um convite à vida nova com a Páscoa, o frei Francisco Lopes da OFM sugere: “é tempo de nos aproximarmos de Jesus que é fonte de santidade”.
De acordo com o religioso é aconselhável também a escuta da Palavra e a participação nas celebrações e em todos os eventos e oportunidades que a Igreja oferece. As orientações têm como cenário o Tríduo Pascal que representa a passagem pela cruz para chegar à luz. Os três dias, na verdade, são quatro: quinta, sexta, sábado e domingo. Como os dias litúrgicos são contados a partir do por do sol do dia anterior, podemos dizer que quinta-sexta, formam o dia da Eucaristia-Paixão; sexta-sábado é o dia do Silêncio-Sepulcro; sábado-domingo é o terceiro dia: a Páscoa-Ressurreição.
Nesses dias estão contidos o Mistério Pascal e o Mistério Eucarístico. A celebração desse período litúrgico garante a lembrança profunda dos fundamentos da nossa fé, reforça Frei Lopes. “Jesus Cristo morreu e ressuscitou para nos livrar do pecado. E não se resume em relembrar o sacrifício de Cristo, mas em nós mesmos nos voltarmos para o caminho de Deus, renovados pelo perdão”, diz.
Na quinta à noite, começa o Tríduo Pascal com a celebração da Instituição da Eucaristia e Lava-Pés. É a celebração da entrega de Jesus, que vai se completar na tarde de sexta-feira, com a celebração da Paixão e Morte de Cristo. A Eucaristia, celebrada na quinta-feira, mostra-se como um serviço de Deus a nós. Deus se entrega sob a forma de pão consagrado, presença de Jesus que cumpre a sua promessa: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim”. Ao final dessa celebração, já entrando no clima da Morte e Ressurreição, é feito o traslado da Eucaristia para um altar lateral e a comunidade fica em adoração, recordando aquele momento em que Jesus foi ao Horto das Oliveiras e disse aos apóstolos que orassem e vigiassem.
“Se a missa é o centro da nossa vida então a missa da quinta-feira santa revive a instituição da própria Eucaristia, do mandamento novo do amor. Jesus manifesta isso no momento em que está com seus discípulos onde cumpre o gesto do lava pés como gesto concreto deste amor. Daquele que é superior, que é o Mestre e se faz o menor. É como Ele mesmo diz: ‘Assim como Eu fiz, vocês também devem fazer’. E, claro, instituindo a Eucaristia automaticamente institui o novo sacerdócio. É aí o dia do Sacramento da ordem”, explica o Frei.
Na Sexta feira da Paixão não há missa. Os fiéis são convidados a participar da Celebração da Paixão do Senhor. “Esse é o único dia do ano em que a nossa Igreja não celebra missa. Às três horas da tarde temos a Celebração Solene da Paixão do Senhor . Após o rito da paixão, seguem as leituras e a oração universal (na qual se reza por toda a humanidade). Então, após o Pai Nosso, vem o rito da comunhão e são distribuídas as hóstias consagradas”, esclarece.
Já no sábado, dia do silêncio, é o momento de “refletir sobre o túmulo”. De acordo com Frei Francisco Lopes são muitos os elementos que se apresentam na celebração a vigília pascal que conclui o tríduo. “É chamado de Sábado de Aleluia porque durante todo o período da Quaresma a palavra aleluia é omitida. Esta significa alegria e então no momento que se anuncia a ressurreição do Senhor todos cantam solenemente ‘o Aleluia’. A partir daí prossegue-se com a benção do fogo aceso. O Círio Pascal é aceso significando o Cristo Ressuscitado e aí se celebra com muita festa. É o momento da nossa maior alegria”, enaltece.
Desta forma concretiza-se a vitória de Cristo sobre a morte, e a Igreja vibra e renova a sua fé e dos fiéis. “Lembro-me então de Santo Agostinho e do prefácio desta noite. É mais importante termos sido salvos por Cristo do que termos sido criados por Deus. É então a noite da nossa Salvação”, finaliza o religioso.
Por Vera Alice Brandão