‘Fraternidade e Superação da violência’, essa é a temática da Campanha da Fraternidade desse ano. Na missão de contribuir para uma cultura de paz em todas as instâncias da sociedade, a Igreja Católica trabalha através de formações e círculos de discussões em ambientes religiosos e no seio da comunidade, buscando conscientizar a população para a necessidade de extinguir práticas de violência.
Reconhecer e combater posturas intolerantes são práticas que a Igreja recomenda e desta forma invoca os fiéis católicos para assumirem esse compromisso com o bem estar, através da prática do respeito e do amor ao próximo.
A Campanha da Fraternidade em todas as suas edições busca ser essa ferramenta como afirma Dom Jacinto. Este é um tempo “para trabalharmos com fraternidade e se atingir a superação da violência”, orienta.
Padre Tony Batista, Vigário geral da Arquidiocese de Teresina defende que a mensagem da campanha tem como destino o coração das pessoas. “Não é uma reflexão meramente intelectual, ela convida para uma práxis. Neste ano, cada pessoa é convidada a superar a violência direta, cultural e também a lutar pela justiça social para superar a violência estrutural que se instaura no Brasil hoje”, afirma o sacerdote.
A Assistente Social Suene Neves serve na Paróquia Nossa Senhora do Amparo e é pesquisadora da temática. A profissional explica que as pessoas não sabem lidar com as diferenças. “Entender ou conviver é o mesmo que ser tolerante. A consequência do meu entendimento, da minha aceitação sobre a necessidade de conviver com essas diferenças é fator preponderante para se atingir o ideal de paz”, explica.
A intolerância é uma forma de violência moderna, é o que atesta a Assistente Social mediante o acompanhamento em suas pesquisas. “Se pararmos para pensar e analisar, a nossa sociedade pode ser caracterizada como a convivência das diferenças entre os seres humanos. Até porque os locais onde habitamos, nossos gostos, tudo é diferença e se vou estar provocando uma violência sobre as pessoas por conta dessas incompatibilidades chegamos à conclusão de que violência não existe apenas mediante o contato físico”, alerta.
A pesquisadora ainda pontua que muitas pessoas praticam atos de violência sem perceber que estão agindo de forma violenta. “Muitas vezes não nos vemos praticando violência e sendo intolerantes . Mas precisamos entender que a intolerância é sim uma das causas de violência na humanidade. A intolerância é algo grande e suas consequências são maiores ainda”, alerta.
A Igreja Católica promove formações em diversas comunidades. De acordo com o padre Leonildo Campelo, coordenador arquidiocesano da Campanha da Fraternidade, são muitas as formas de violência, como a racial e a religiosa. Por isso estamos indo até as casas, lares, e diversos ambientes religiosos para que no contato com a comunidade possamos discutir e debater esse tema. Para que assim, dessas discussões, surjam ações deliberativas” almeja.
O sacerdote ainda afirma que a Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização, intensificada na Quaresma, “para ajudar os cristãos e pessoas de boa vontade a viverem a fraternidade em compromissos concretos, provocando, ao mesmo tempo, a renovação da vida da Igreja e a transformação da sociedade, a partir de problemas específicos, tratados à luz do projeto de Deus”, diz finalizando.
Por Vera Alice Brandão