A Quaresma é um tempo de conversão. E esse é um tema que jamais perde a sua atualidade na vida cristã. Por isso padre Tony Batista, Vigário Geral da Arquidiocese de Teresina, mais uma vez, nos ajuda a refletir sobre esse momento.
A imposição das cinzas com que a Igreja inicia a preparação para a celebração solene do Tríduo Pascal não pode ser um gesto formal, mera tradição. Ele deve ser expressão de um compromisso de deixar-se moldar pelo Espírito Santo para a conversão pessoal e comunitária.
“A conversão é um processo. Eu não posso dizer que amanhã eu já seja um convertido. Eu preciso, todos os dias e todas as horas, dá um passo a mais para que assim haja uma profunda mudança de vida. Não é passar um verniz e continuar igual por dentro. Conversão é mudança profunda”, explica.
O Antigo Testamento, ao tratar da conversão, acentuava muito a rejeição do culto pagão. Mais tarde os profetas aprofundam o tema insistindo na compaixão para com os desvalidos: órfãos, viúvas e pobres. Na linha dos profetas do Antigo Testamento, podemos inserir o maior de todos: João Batista. Ele insiste na mudança de atitude, na prática da justiça, da solidariedade, compaixão e mansidão como necessárias para acolher o Messias.
E é essa reflexão que Padre Tony pontua. “A mudança vem do coração. Muda o jeito de ver, de julgar. Não é como uma vestimenta. Devemos mudar por dentro. A conversão é uma mudança profunda de vida. E todos nós precisamos mudar! Todos nós temos um calcanhar de Aquiles: aquele ponto que incomoda e não faz bem. Alguém pode ser vaidoso, outro egoísta, então a conversão é esta mudança”, sugere o Vigário.
Na Quarta-Feira de Cinzas sentimos ainda o eco da voz do Senhor, que mediante a Igreja, nos convida à conversão: Convertei-vos e crede no Evangelho. É desta forma, portanto que somos chamados a entender o forte convite de Jesus. É abandonar as falsidades e ir ao encontro do Deus verdadeiro: o Pai. Ir ao encontro d’Ele e deixar-se transformar por Seu amor é fonte de uma nova vida.
“Não conseguiremos mudar plenamente sem a graça de Deus. Só pela minha força eu não chego a lugar nenhum. Agora, com a graça de Deus é possível. Como disse São Paulo: Tudo eu posso Naquele que me fortalece. Por isso não tenha medo! Siga em frente neste processo de mudança para que no domingo da ressurreição já sejamos homens e mulheres ressuscitados com o Senhor Jesus”, deseja padre Tony.
Este é, portanto, o verdadeiro sentido da conversão: nascer de novo. É essa a grande maravilha que Deus quer operar na vida. E a Igreja quer preparar seus fiéis, mediante a solene celebração do Tríduo Pascal, para a renovação de nossa existência em Cristo. Os exercícios quaresmais como jejuns, abstinência, esmola, paciência com o próximo, irão favorecer esse nascer de novo. Seremos gestados no seio da Igreja, na comunidade.
“Na força da vida nova que nos impregnará, com ardor renovaremos nosso compromisso de servir o Reino de Deus, de dobrar, em atitude humilde e serviçal, os joelhos diante de nossos irmãos pequeninos. É essa a graça que mais devemos almejar”, orienta finalizando o sacerdote.
Por Vera Alice Brandão