É significativo que o Ano nacional do laicato seja aberto na solenidade de Cristo Rei do universo. O grande alvo é o Reino! O lema escolhido: “Cristãos leigos e leigas sujeitos na “Igreja em saída” a serviço do Reino” já o sinaliza. A Igreja não existe em função de si mesma e sim do Reino, que é maior que ela.
Por isso, “cristãos leigos e leigas na Igreja em saída”. Ela sai para onde? Pelos caminhos do mundo e da história! O campo próprio dos leigos, conforme o Concílio Vaticano II, no 4º capítulo da Lumen Gentium, é o mundo. O específico do Apostolado leigo e são as atividades temporais. Neste ponto o Documento 105 da CNBB intitulado “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade” faz a seguinte observação: “vê-se que é ainda insuficiente e até omissa a sua ação nas estruturas e realidades do mundo, nos areópagos da universidade, da comunicação, da empresa, do trabalho, da política, da cultura, da medicina, do jurídico e outros” (prg. 39).
Se por um lado, os ministérios leigos em nossas liturgias aparecem bem mais que antes, sinalizando melhor uma assembleia celebrante, continua verdadeiro que o “caráter secular caracteriza os leigos”.
O Beato Paulo VI na “Evangeli Nuntiandi” pag. 70 já assinalava: “a primeira e imediata tarefa dos leigos não é a instituição e o desenvolvimento da comunidade eclesial (…) mas sim, o por em prática todas as possibilidades cristãs e evangélicas escondidas, mas já presentes e operantes nas coisas do mundo”.
Eis porque a Palavra de Jesus em Mateus 5, 13 desafia: “Sal da terra e Luz do mundo”. Essa é a vocação e a identidade dos(as) discípulos(as) de Jesus: estar no mundo sem ser do mundo. O que equivale a dizer: conviver com os outros, tendo a característica de discípulos do mestre, fieis à sua Palavra e grávidos do seu ensinamento.
Presentes em todos os setores da vida de forma discreta e solidária, fermentando de dentro a realidade, mas pronto a dar, quando necessário, “a razão de sua esperança” (IPd 3,15), na qualidade de luz do mundo!
Saúdo com alegria esta iniciativa de nossa CNBB, valorizando a vocação laical e provocando os cristãos leigos e leigas a assumirem o papel de “participantes da nova evangelização” como lhe chama a Conferência de Puebla.
Confio que nossa Arquidiocese saberá aprofundar, com ajuda do Conselho de Leigos e, sua Equipe Ampliada, a presença do nosso laicato na sociedade de hoje, a partir de sua vocação a santidade e de seu compromisso evangelizador.
É tempo de esperança! Nunca tivemos um laicato tão promissor e ávido de evangelizar como agora, aproximando-se do fervor dos primeiros séculos do cristianismo.
No documento pós-sinodal: “Christifidelis Laici” se lê: “Os maiores no Reino dos céus não são os ministros e sim os santos”. É com esse fundamento que se renova o mundo.
Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho
Arcebispo Metropolitano de Teresina