Nesta manhã (11) a Comissão Arquidiocesana de Direitos Humanos mediou um encontro entre representantes da Prefeitura de Teresina e moradores da zona norte da cidade. O momento serviu de cenário para apresentação de um relatório sobre o novo Painel de Segurança tendo como objeto de estudo a Avenida Boa Esperança, no bairro São Joaquim, zona norte da capital.
O painel foi uma requisição do Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) e do Ministério Público Federal (MPF) a fim de saber se é possível ampliar a Avenida Boa Esperança e manter as mais de 3000 famílias que moram no local há mais de 30 anos.
Participaram da audiência, além dos representantes da Comissão de Direitos Humanos, representantes das Defensorias Públicas do Estado (DPE) e da União (DPU), além de lideranças comunitárias e moradores dos bairros Mafrense, Nova Brasília, São Joaquim e Vila Padre Eduardo.
O objetivo era ampliar o diálogo sobre mais uma etapa do Projeto Lagoas do Norte que visa a reurbanização da área. Durante encontro foram definidos encaminhamentos para as próximas etapas de discussão do projeto de estudo que responde sobre questões específicas relacionadas ao Dique Boa Esperança.
“O diálogo e a transparência permeia esse momento de hoje. O resultado do painel de segurança chega às mãos da comunidade e as entidades envolvidas na discussão para que estes possam estudá-lo”, garantiu Cletto Barata que é o coordenador do projeto Lagoas Norte.
Objetivo alcançado principalmente para o presidente da Comissão Arquidiocesana de Direitos Humanos, o juiz do Trabalho Carlos Wagner Araújo, que ressalta a missão da comissão na busca pela garantia dos direitos da comunidade que reside na área e que poderá vir a passar por intervenções como, por exemplo, desapropriações.
“Nossa intenção é buscar uma solução pacífica de forma que atenda aos interesses da comunidade e também do poder público. Não adotamos a postura de ser contra o desenvolvimento da cidade e consequentemente contrários ao Projeto Lagoas do Norte, mas estamos aqui para garantir a dignidade dessas mais de 3000 famílias”, afirmou.
Para Lúcia de Oliveira que reside há mais de 20 anos no local, a certeza de que o apoio da Comissão ajuda na garantia das conquistas de uma vida inteira. “Nós iremos formular requerimentos às diversas secretarias envolvidas para termos as informações conclusivas a respeito de tudo que foi objeto das reflexões dessas reuniões. Aqui a discussão não é só remover famílias. O que a cidade de Teresina tem de saber é que aqui não são pessoas que estão resistindo ao progresso. A gente quer ser incluído. Ninguém quer sair daqui para ir para um apartamento ou uma casa pequena. Já pensou a gente estar no lugar da gente com mais de 40 anos e depois uma pessoa chegar na sua porta dizendo que você vai ter de sair porque tem de desocupar a área”, encerra temerosa.
Por Vera Alice Brandão