A Cáritas Brasileira, com o apoio da Arquidiocese de Teresina e da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), lançaram hoje (06) a Campanha de Solidariedade em apoio às vítimas do incêndio que destruiu todo o Assentamento 8 de março, localizado no Povoado Chapadinha, zona rural de Teresina. A apresentação dos objetivos da campanha e as orientações para a comunidade sobre como será possível participar, se deu no auditório Monsenhor Mateus (Centro Pastoral Paulo VI) e contou com a presença de padres, representantes de pastorais e movimentos da Igreja, além de um grupo de mulheres vítimas do incêndio.
A tragédia completou 50 dias e deixou um triste registro: a morte de uma criança de um ano e seis meses que foi atingida pelo fogo iniciado a partir de chamas de um fogareiro improvisado. Duzentas famílias que moravam no terreno de forma irregular perderam tudo que tinham: casas, animais, roupas e documentos. Hoje, as vítimas desabrigadas residem em galpões que foram erguidos sem as condições necessárias para acolher de forma digna crianças, idosos, gestantes e demais moradores. “Falta tudo. O estoque de alimentos que temos pode não durar um mês. Água é outra prioridade. As famílias que ficaram precisam percorrer mais de um quilômetro e meio para ter acesso a esse bem que é indispensável e tão preciso. Enfim, essa campanha da Igreja Católica é um sopro de esperança para nós que estamos lá já quase que sem forças para continuar”, relata e lamenta Dona Rita Brito de Sousa, uma das coordenadoras do assentamento.
Para Carlos Humberto Campos, representante da Cáritas Brasileira, idealizadora da Campanha Solidária, a situação dos moradores do assentamento, mesmo passados tantos dias da ocorrência (15 de outubro) ainda é urgente. São muitas as carências e não se pode esperar do poder público o apoio necessário para reerguer as famílias atingidas e proporcionar a elas a dignidade necessária para voltarem a ter uma rotina normal.
“As crianças do ensino fundamental continuam sem frequentar a escola. A terra ainda não foi regularizada. As casas são improvisadas. Lençóis viraram paredes, grandes peças de metal tornaram-se telhados e há risco de novas perdas porque o cenário ainda é de risco. Vivemos um tempo de Advento, tempo de repensarmos nossas atitudes, o que estamos fazendo para ajudar nossos irmãos necessitados. Situações como essa acontecem por causa da pobreza e da falta de condições humanas básicas para que todos possam viver de forma igualitária e dignamente. Então, cito aqui o Papa Francisco, que disse que a pobreza é fruto da injustiça social. O Santo Padre nos convoca a deixarmos a indiferença de lado e a realizarmos obras que visem o bem do próximo. Essa Campanha é esse chamado”, invoca.
A Campanha Solidária visa arrecadar alimentos, material de higiene e limpeza, além de material de construção. Para que todo esse material chegue até as famílias atingidas pelo incêndio, a equipe de organização da iniciativa disponibiliza pontos de arrecadação espalhados por diferentes zonas da cidade. São seis os locais onde a comunidade pode deixar as doações: Centro Pastoral Paulo VI (Avenida Frei Serafim, número 3200), Paróquia São José Operário (Vila Operária), Paróquia Nossa Senhora de Lourdes (Bairro Vermelha), Paróquia Santuário São Francisco de Assis (Bairro Dirceu I), Paróquia de São Cristóvão (Bairro Morada do Sol).
As doações ainda podem ser feitas através de transferência bancária através da Agência 44-2, Conta 309220-8 – Banco do Brasil.
Dom Jacinto Brito, arcebispo de Teresina, abraçou a iniciativa e em nome da Igreja Católica destacou que a Campanha é uma forma de todos fazermos a nossa parte. Citando Madre Tereza de Calcutá que diante de uma situação de apoio às vítimas de um incêndio disse: “Esse é um momento de fazer a minha parte. Não é a solução de todos os problemas que as famílias enfrentam, mas é uma maneira de dizer que estamos ao seu lado. Não é o suficiente, mas é o que temos. E desta forma estendemos esse chamado a toda a sociedade. Não podemos cruzar os braços”, invocou.
Ainda se referindo à coordenadora do assento que disse estar cansada da luta, o Arcebispo motivou: “Tenha um coração confiante. Deus não nos abandona. Ele é fiel. Com a graça de Deus e com a ajuda de muitos podemos melhorar essa situação de abandono em que vivem as famílias do Assentamento”, disse finalizando.
Por Vera Alice Brandão.