O grande objetivo da catequese hoje é formar discípulos missionários, dentro do processo de iniciação à vida cristã de inspiração catecumenal e centrados na prática concreta de uma caminhada. Com foco nessa temática, o programa Em tuas Mãos, exibido de domingo a segunda-feira, na TV Meio Norte, fez uma rica discussão com foco nas orientações para a prática missionária voltada para a formação catequética. A entrevista com o padre Antônio Marcos, que integra a Comissão Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, direcionou os fieis sobre o assunto.
O sacerdote esteve na capital do Piauí e compartilhou com os telespectadores do programa as orientações da nossa Igreja quanto a missão de acompanhar os passos e as mudanças da sociedade. Para o sacerdote, o principal objetivo da catequese é formar e conscientizar os catequizandos de todas as idades, sobre o sentido da vida da graça, já que esta é uma experiência de encontro profundo com Jesus Cristo, uma Pessoa concreta, que atinge a vida das pessoas na comunidade cristã.
“Evangelizar é missão de todos. Agora dentro da comunidade, as pessoas vão sendo ajudadas a discernir sobre qual a melhor forma de servir, se no ministério ou no dom voltado para serviços específicos. Então, nesse sentido, todo batizado é convidado a evangelizar. E assim vão poder perceber e discernir a vocação para ser catequista”, pontua o sacerdote.
O caminho é o anúncio da Pessoa de Jesus Cristo com base na Palavra de Deus e no testemunho verdadeiro da prática cristã na sociedade e na Igreja. “A catequese, nas dimensões de hoje, precisa ser mais envolvente, de forma que chegue à família e à toda a comunidade. Isso significa que não conseguiremos atingir os verdadeiros objetivos catequéticos se a família e a comunidade não forem também catequizadoras”, comenta padre Antônio.
No processo metodológico, como anuncia o Documento de Aparecida, é preciso “abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favorecem a transmissão da fé”. Na verdade, é urgente buscar uma “conversão pastoral e renovação missionária…” (n. 375). “Há poucos dias tivemos a Assembleia Geral dos Bispos. Foram 10 dias de discussões em Aparecida em que foi abordada essa temática relacionada à animação bíblico- catequética. Iniciação à vida cristã e itinerário para formar discípulos missionários foi o tema final. Mas sabemos que essa caminhada vai bem além, pois a prática aponta para isso. A iniciação dentro da missão da comunidade vai além do contexto da catequese e nesse sentido os bispos fizeram uma reflexão e enxergaram a comunidade como um grande sujeito evangelizador, onde as pessoas podem crescer na fé, vivendo a fé de forma missionária e evangelizadora. Desta forma se atinge o gosto daqueles que ainda não são cristãos, pela vida cristã”, aponta.
Essa caminhada, portanto, leva a Igreja a fazer uma profunda revisão de sua ação catequética e a pensar numa Igreja e numa catequese voltadas para a sociedade, para as necessidades das realidades práticas e temporais das pessoas.
“Se queremos uma Igreja em estado de missão permanente nós precisamos tomar decisões em nível de dioceses e paróquias focando o contexto da comunidade como um todo. Duas coisas bem práticas vão fazer frutificar a nossa caminhada: um projeto diocesano seria a ideia, com a criação de uma comissão de iniciação à vida cristã nas dioceses e nas comunidades. Sugiro ainda a criação de uma comissão paroquial de iniciação à vida cristã. Mas para que isso exista precisamos envolver nela, pessoas que participam da pastoral familiar, juventude, batismo, liturgia e não só catequistas. É claro que os catequistas continuam sendo pessoas importantes no processo de transmissão da fé, mas há outra figura que pode surgir que é a instituição do Ministério do introdutor. A figura do introdutor aparece dentro desse processo missionário como aquele que, dentre as diversas pastorais, está presente nas comunidades e na paróquia como alguém que não é o catequista, mas é um representante da nossa Igreja que evangeliza. Assim sendo vamos crescer nessa convicção de que a transmissão da fé é competência da comunidade e ela é o grande sujeito”, finaliza.