A importância de enxergar o mundo com os olhos de Deus. Essa foi a reflexão do programa Em tuas mãos, oportunizada aos fiéis que acompanham a produção televisiva através do quadro bons conselhos, exibido toda terça-feira. As orientações para se praticar esse olhar misericordioso teve a colaboração de frei Francisco Lopes que foi o convidado para compartilhar as práticas comportamentais.
Aliás, missão difícil no mundo de hoje mas como bem retratou Frei Lopes, “ainda assim é possível , já que com a própria graça de Deus, ele nos auxilia e não deixa de olhar e interceder por nós. Mas cabe a cada um de nós procurar nesta realidade que vivemos, buscar os sinais da presença Dele. Se refletirmos vamos encontrar. Estamos inseridos no tempo de preparação para o natal e é, portanto, olhando a vida do Senhor que podemos nos espelhar”, convoca.
A entrevista foi conduzida pelo repórter Lívio Galeno e sugeriu reflexões também para esse olhar fraterno e de perdão diante das relações humanas. Frei Lopes fez uma comparação com aqueles que tendem a olhar o próximo “com olhos de urubu”. E foi mais adiante se explicando. “Temos a tentação de ver o ruim e negativo. Mas devemos nos inspirar em Deus que sempre quando olha pra gente é movido pelo desejo de encontrar em nós as partículas dele deixadas em nós. Ele espera o nosso esforço, a nossa boa vontade dedicação em não julgar o pecado do outro afinal para Ele não interessa o pecado. Quando Ele nos alcança é para perdoar, o olhar Dele é sempre positivo para conosco e essa é a diferença entre nós e Ele”, pontua.
Ver é sinônimo de julgar. Mas segundo Frei Lopes, como dizem alguns padres da nossa Igreja, “o olhar de Deus é de fora para dentro. Ele olha o nosso interior, portanto devemos aprender e nos espelhar. O olhar Dele não julga pelas aparências”, reforça.
O capuchinho ainda vai mais adiante na sua reflexão e afirma que São Francisco de Assis também é inspiração para olhar o próximo como irmão. Frei Lucas lembrou também que o cuidado com a casa comum (citando a temática da Campanha da Fraternidade desse ano) passa pelo olhar com respeito ao lugar que Deus nos deu para vivermos em harmonia.
“Abrindo esses olhos físicos, contemplamos a beleza de Deus através das Suas obras. O sol, a lua, enfim a natureza. Como dizia São Francisco, as criaturas criadas por Deus merecem respeito e já que se trata de uma obra do Pai temos que buscar a harmonia, construir e não destruir. E só quem contempla a natureza como obra de Deus pode se sentir parte desse jardim e assim ajudar a preservar a casa comum que é o planeta criado por Ele. Admirar com respeito é olhar com os olhos de Deus”, afirma.
Ao final da reflexão Frei Lopes lembrou dos deficientes visuais e ressaltou que tem pessoas que não possuem o ofício da visão, mas enalteceu a grandeza desses irmãos ratificando que “a cegueira espiritual é o mal maior. Aquele que olha apenas o seu ponto de vista é cego. Esse tende a cair no abismo. Eu conheci uma senhora que tinha todos os órgãos dos sentidos prejudicados e através de uma técnica muita avançada ela conseguia alcançar sua comunicação e enxergava além de nós. Depois de um certo tempo a mesma teve seus sentidos ainda mais comprometidos e ficou apenas com o tato nas mãos. Mas foi através de uma nova forma de enxergar, apenas com o aperto dos dedos que ela continuou a ver e falar. Certo dia questionei a mesma se ela rezava. Tinha a curiosidade de saber como eram seus momentos de oração e ela me respondeu que mesmo com o impedimento da fala e do comprometimento da visão era no silêncio que escutava e conversava com Deus. Às vezes uma deficiência, uma debilidade pode ser uma oportunidade de crescimento espiritual. Acredito que um cego pode enxergar muito melhor que muitas outros e até melhor que eu”, conclui o religioso.
Com informações de Lívio Galeno
Por Vera Alice Brandão