Vem aí um novo Ano Litúrgico. E como a Igreja Católica tem um calendário próprio, esse ano já começa agora no próximo domingo (27) com o advento e termina na solenidade de Cristo Rei. A palavra “advento” tem origem latina e significa “chegada”, “aproximação”, “vinda”. E o período que compreende os quatro domingos que antecedem o Natal caracterizam esse momento que é considerado um tempo de preparação para a grande festa cristã que é o nascimento de Jesus.
Neste tempo, celebramos duas verdades de nossa fé: a primeira vinda (o nascimento de Jesus em Belém) e a segunda vinda de Jesus. Assim, a Igreja comemora a vinda do Filho de Deus entre os homens e vive a alegre expectativa da segunda vinda d’Ele.
O tempo do Advento não tem um número fixo de dias e depende sempre da solenidade do Natal. Ele começa na tarde (1ª Véspera) do primeiro domingo após a Solenidade de Cristo Rei e se desenvolve até o momento anterior à tarde (1ª Véspera) do Natal. Ele possui quatro semanas e, por isso, quatro domingos celebrativos. O terceiro domingo do Advento é chamado de domingo da alegria (gaudete, em latim) por causa da antífona de entrada da missa (Alegrai-vos sempre no Senhor), mostrando a alegria da proximidade da celebração do Natal. O tempo do Advento se divide em duas partes. A primeira, que vai até o dia 16 de dezembro, é marcada pela espera alegre da segunda vinda de Jesus. A segunda, os dias que antecedem o Natal, se destaca pela recordação sobre o nascimento de Jesus em Belém.
De acordo com Dom Jacinto Brito, “A Igreja espera alegre e vigilante o Messias prometido. Vai ao seu encontro com as palavras dos profetas, com os cantos da esperança e com a oração: Vem Senhor Jesus! Nós pedimos, portanto que Ele venha, entre na nossa história e penetre na nossa vida. Que Ele tome conta da nossa família e que esteja presente em todas as atividades humanas para que elas se desenvolvam para o bem do próprio ser humano e para glória de Deus”, reforça.
Dois personagens bíblicos ganham destaque na celebração do Advento: Maria e João Batista. Ela porque foi escolhida por Deus para ser a mãe do Salvador, e ele porque foi vocacionado a ser o precursor do Messias. Ela se torna modelo do coração que sabe acolher a Palavra e gerar Jesus. Ele se torna modelo de uma vida que sabe esperar nas promessas de Deus e agir anunciando e preparando a chegada da salvação. Em ambos se manifestam o anúncio da plenitude dos tempos.
“João Batista nos chama para preparar os caminhos do Senhor e Maria, em nome da humanidade, acolhe o Salvador. Ela está associada a esta obra pela livre bondade divina. Vivemos assim o tempo do advento guiados por esta grandes figuras que nos ajudam a abrir nosso coração para acolher o Senhor, afim de que não aconteça de não existir lugar para ele entre nós”, alerta nosso Pastor.
A espiritualidade do Advento é marcada por algumas atitudes que cabem aos irmãos fiéis como a prática e contemplação de preparação para receber o Cristo. É importante a oração e a vivência da esperança cristã. E claro que essa preparação se dá para receber o Senhor na vivência da conversão. O relacionamento com familiares e pessoas íntimas e a participação na vida eclesial e social devem estar no foco de prioridades. A preparação para celebrar o Natal demanda, portanto, de uma confissão sacramental bem feita e um propósito firme de renovação interior.
A Coroa do Advento
Entre os símbolos do ciclo do natal, temos a coroa do advento que contém uma linguagem de silêncio, mas que fala forte através do círculo, da luz e das cores. É feita de folhas verdes e nela se colocam quatro velas. O símbolo surgiu na Alemanha, no século dezenove. No Brasil, o uso certamente provém dos missionários que vieram da Alemanha. Mas, e por que tem uma forma circular? De acordo com religiosos a circularidade está ligada a perfeição. O redondo cria harmonia, junta, une. Lembra ainda, que somos integrantes de um mundo circular, onde o processo do universo e da vida é cíclico: o círculo do ano.
No advento, a cada domingo, acende-se uma vela da coroa. De uma a uma, a luz vai aumentando, até chegar na grande festa da Luz que proclama Jesus Cristo como Salvador, Sol do nosso Deus que nos visita, que arma sua tenda entre nós (Cf. Jo 1,1-14). Quanto à cor das velas, normalmente é usada a vermelha que em quase todas as partes do mundo, tem o significado do amor. No Brasil, somos marcados profundamente pelas culturas, indígena e afro, onde o brilho das cores, da festa, da dança, da harmonia com o universo, está presente de uma maneira esplendorosa e reveste as celebrações. Desta forma temos o costume de utilizar na coroa, velas coloridas, uma de cada cor.
Vale reforçar que as quatro velas indicam as quatro semanas do Tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação preparando a vinda do Salvador, seriam os quatro pontos cardeais, a Cruz de Cristo, o Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas. O ato de acender gradativamente as velas significa a progressiva aproximação do Nascimento de Jesus, a progressiva vitória da luz sobre as trevas. Originariamente, a velas eram três de cor roxa e uma de cor rosa, as cores dos domingos do Advento.
O roxo, para indicar a penitência, a conversão a Deus e o rosa como sinal de alegria pelo próximo nascimento de Jesus, usada no 3º domingo do Advento, chamado de Domingo “Gaudete” (Alegrai-vos).
A partir dessa vivência se soma o desejo de nosso Arcebispo que deve ser o mesmo de todos os fiéis e irmãos “Que todos nós possamos abrir as portas a Jesus. Que Ele entre. Afinal, nós lhe esperávamos. Então essa é a espiritualidade do advento: alegre esperança pela vinda do Senhor. Que Ele chegue e tome conta da nossa vida”, finaliza.
Por Vera Alice Brandão
Com informações dos sites: Franciscanos.org e Canção Nova