Nossa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa (Mãe Dolorosa) é um dos vários títulos que a Virgem Maria recebeu ao longo da história. Além de ser considerada a mãe dos filhos de Deus o calendário religioso também é fiel ao seu exemplo e dedica a data de 15 de setembro como sendo o dia para enaltecer a importância de Nossa Senhora. Tanto que aqui em Teresina, a padroeira da nossa Arquidiocese é festejada e exaltada e toda a devoção à Mãe se reveste de grande importância a nós cristãos.
A Catedral realiza festa com uma vasta programação que dura dez dias. O ponto alto é a procissão do dia 15 seguida de missa presidida pelo Arcebispo de Teresina, Dom Jacinto Brito.
Para explicar a sua amplitude e a relação de amor e devoção dos Teresinenses, que nesse período é bastante festejada, é necessário se reportar ao tempo de criação e instalação da nossa Diocese. A história nos atesta que foram necessários mais de oitenta anos para a instalação da Arquidiocese de Teresina. “E naquela época da instalação existiam os prédios da Igreja do Amparo e de Nossa Senhora das Dores. Como este último dispunha de uma melhor estrutura, o mesmo foi escolhido para ser a Catedral e, portanto, casa mãe da nossa Arquidiocese”, é o que explica o Padre Amadeu Matias.
O sacerdote reforça que Nossa Senhora merece este amor, por tamanha relevância do gesto de Jesus Cristo que nos deu uma mãe e nos ofereceu a sua proteção. E este título, em particular, refere-se às sete dores que Nossa Senhora sofreu ao longo de sua vida terrestre, principalmente nos momentos da Paixão de Cristo. “Afinal não há dor maior para uma mãe que a perda de um filho”, pontua.
“O culto a Nossa Senhora das Dores iniciou-se no ano 1221 no Mosteiro de Schönau, na então Germânia, hoje, Alemanha. A festa de Nossa Senhora das Dores como hoje a conhecemos, celebrada em 15 de setembro, teve início em Florença, na Itália, no ano de 1239 através da Ordem dos Servos de Maria, uma ordem profundamente mariana.”
Para quem não sabe as sete dores de Nossa Senhora são: A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas, 2, 34-35), A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus, 2, 13-21); O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas, 2, 41-51); O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas, 23, 27-31); O sofrimento e morte de Jesus na Cruz (João, 19, 25-27); Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus, 27, 55-61); e por fim o sepultamento do corpo do filho no Santo Sepulcro (Lucas, 23, 55-56).
E de acordo com padre Amadeu ficou claro o porque de Nossa Senhora das Dores ser representada com um semblante de dor e sofrimento. “Isso simboliza todas as dores que ela sofreu. Na verdade temos a mãe contemplando o filho morto. E foi daí que se originou o hino medieval chamado Stabat Mater Dolorosa, vale lembrar”.
Mas e porque mãe de todos os filhos de Deus? “Foi aos pés da Cruz, quando Maria viveu a sua dor mais crucial, que ela recebeu do Filho a missão de ser a Mãe de todos os homens, Mãe da Igreja (Corpo Místico), Mãe de todos os fiéis. Foi naquele momento de dor que Jesus disse a ela: Mãe, eis aí o teu filho (este filho está simbolizando a todos os fiéis). Foi nesse mesmo momento que Jesus disse a São João, que ali representava a todos nós: Filho, eis aí tua mãe. É por isso que a devoção a Nossa Senhora das Dores têm tamanha importância”, credita.
E como mãe de todos os filhos de Deus seria natural tamanha devoção. E para isso mais uma vez é preciso se reportar ao passado. Padre Amadeu lembra que “toda essa devoção surgiu na Idade média e a partir do século XV foi aprovada por um grupo religiosos, denominados servitas que na verdade são os servos de Maria. E nesse caso não foi diferente. Em geral as devoções estão mesmo ligadas as congregações e com Nossa Senhora foi do mesmo jeito. Agora o que não podemos esquecer é de colocar o filho no meio, pois a Igreja é mariana mas antes de tudo cristológica. Existe coisa mais bela do que receber uma mãe. O filho deu-nos a mãe no pé da cruz”, finaliza.
Por Vera Alice Brandão