Estamos vivenciando o jubileu da Misericórdia e é sabido que a nossa Igreja nos orienta para sermos “misericordiosos como o Pai”. Existem 14 obras que ajudam o fiel a praticar essa misericórdia e compartilhar com os irmãos a qualquer hora e momento. Sete delas são chamadas de obras de misericórdia corporais: Dar de comer a quem tem fome; Dar de beber a quem tem sede; Vestir os nus; Dar abrigo aos peregrinos; Assistir aos enfermos; Visitar os presos; Enterrar os mortos. E sete são chamadas obras de misericórdia espirituais: Dar bom conselho; Ensinar os ignorantes; Corrigir os que erram; Consolar os aflitos; Perdoar as injúrias; Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo e Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos.
O programa Em tuas mãos exibido diariamente na Rede Meio Norte, às 6:30h oferta aos telespectadores uma série de entrevistas com sacerdotes da nossa Arquidiocese onde a cada semana uma das obras espirituais vira tema de reflexão. Essa semana o padre Rivaldo Muniz, da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no Dirceu II, foi convidado para colaborar com as reflexões a respeito da obra de misericórdia espiritual: consolar os aflitos.
De acordo com o sacerdote, Jesus Cristo nos deu e dá diariamente muitos exemplos de consolação. Ele lembrou que Paulo, fiel apóstolo de Jesus, começa a segunda carta aos Coríntios dizendo: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia” (2Cor 1, 3-4).
Consolar deve ser, portanto prática diária, afinal todos nós passamos na vida, por momentos de aflições e sofrimentos, algumas vezes em consequência de nossos próprios erros, em outras por perdas, enfermidades, problemas pessoais ou familiares. Nesses momentos precisamos de consolação.
Da parte de Deus, segundo o padre, o consolo “vem com certeza”, pois consolar é atributo de Deus. A atitude de consolar o próximo, apresentada como uma obra de misericórdia, mais do que nunca, torna-se uma virtude cristã a ser exercitada no cotidiano.
“Exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar reclinar quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e cai. Hoje consolamos, amanhã seremos consolados”, reflete Padre Rivaldo.
O ato é importante, pois com consolo fazemos com o outro aquilo que Deus fez conosco. Trazendo vosso consolo, vem com ela a salvação. E nós que recebemos o consolo pelo Espírito Santo somos convidados a fazer isso também.
“Quando se consola, o que se ganha é a paz no coração. Isso significa que quando estamos afligidos com dores é como se ficássemos sem solo, sem firmeza, desolados. O consolo que vem de Deus nos proporciona essa firmeza. E nós teremos, uma vez consolados, o desaparecimento das aflições e naturalmente compartilharemos esse consolo com o próximo”, pontua.
Mas e como proceder para ofertar esse consolo? Padre Rivaldo é direto. “É o mesmo processo de Jesus. Entrar na situação do irmão que sofre com problemas. Se colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro, como o próprio Deus fez conosco. Não só sentir daquela dor, mas sim compartilhar sem julgamentos. Pensar a partir do outro e não somente naquilo que lhe interessa. Ser capaz de tirar o irmão daquela situação possibilitando a ele experimentar uma nova realidade”.
Para aqueles que buscam o consolo há também que se adotar posturas novas. Padre Rivaldo lembra que reconhecer a necessidade de ajuda é essencial. “Assim aquele que necessita dá o primeiro passo”.
A nossa Igreja oferta a prática da confissão, momento de encontro que é prova da remissão dos pecados. O sacerdote é nosso guia quando nos ajuda a refletir sobre essa prática, pois quem busca a confissão, está na verdade assumindo o seu erro, e claro necessitando de consolo. “A forma de excelência que nossa Igreja oferta, a confissão, é a concessão da graça de Deus: ela cura, liberta e salva. Para mim como padre, ver as pessoas chorando as suas misérias e depois ver as lágrimas de desespero se transformando em lágrimas de alegria é gratificante e me realiza! Acolher o irmão aflito com seus pecados é ser misericordioso como o Pai”, finaliza.
Com informações de Lívio Galeno
Por Vera Alice Brandão