A história de vida do Italiano, padre e jesuíta, Florêncio Lecchi é contada “a quatro mãos” por dois amigos de infância e que foram alunos daquele que fez muito pela educação do Piauí. O lançamento do livro biográfico do homem que escolheu o nosso Estado para viver uma vida dedicada ao próximo será no dia 29 de agosto, a partir das 19h, na sede do colégio Diocesano, escola onde o Jesuíta lecionou e marcou o seu nome na história.
A frase “a quatro mãos” é de um dos autores do livro, o jornalista, escritor e Doutor em Comunicação, Gustavo Said que foi aluno do padre Florêncio. Segundo ele a cronologia de fatos da vida do jesuíta é apresentada no exemplar de maneira intercalada e fruto de uma parceria com o também escritor Fernando Macêdo. “Começamos a biografia com o pedido de autorização para o padre. Relatamos lá, que no ano de 2014, mais precisamente no dia 7 de junho fomos ao seu encontro em busca da confirmação de que ele iria permitir a realização da biografia. Apesar de termos a certeza que valia a homenagem aquele que foi essencial para o engrandecimento da nossa educação, assim como para a formação religiosa e moral de muitos piauienses, temíamos com a possibilidade de uma rejeição da parte dele. E apesar da tensão do momento , ele disse sim. Um sim que para nós significou que teríamos pela frente muitas responsabilidades não só com a missão, mas em ser fiel à trajetória de vida daquele homem que muito realizou em vida”, relembra.
Com o título “Pe. Florêncio Lecchi, a saga de um jesuíta”, o livro retrata a vida, história familiar e culmina com o falecimento do jesuíta no mesmo ano em que os autores receberam a permissão para realização da biografia. Fato este, revela Gustavo, que o fizeram repensar sobre a continuidade da produção literária. “Lembro-me que fizemos uma demorada entrevista com ele. Ele possuía um rico acervo de documentos e isso confirmava a qualidade da produção. Mas com a morte, chegamos a nos questionar como se daria o andamento das pesquisas, pois tínhamos elaborado uma metodologia de planejamento. Mas diante deste triste episódio, fomos em frente e se o material tinha a intenção de homenageá-lo, agora mais do que nunca cumpriria essa missão ”, pontua.
As avaliações e análises, com passagens de momentos que foram marcados por dores e sofrimentos, foram reveladas também por padres, amigos, e pessoas que conviveram com aquele que chegou ao Piauí em dezembro de 1963 e viveu metade de sua vida na capital, Teresina. Para cumprir os objetivos e serem fiéis ao legado do sacerdote, os autores colocaram as mochilas nas costas rumo às raízes do Padre Florêncio. Viajaram a Itália, onde puderam conversar com familiares para obter relatos e depoimentos que evidenciaram diferentes fases da vida do jesuíta.
“O livro revela o comportamento fechado e recluso, e mostra um homem sentimental. Um personagem humano, cheio de aflições, mas grande em sua obra e rico de qualidades admiráveis. Todos os problemas que enfrentou, optou por entregar a Deus e foi dessa forma que superou. Foi muito coerente! Talvez a pessoa mais coerente que conheci”, atesta Gustavo.
A pesquisa documental, relacionada à vida dele foi levantada no Brasil e na Itália. Aqui o padre terminou a ordenação, mais precisamente em São Leopoldo no Rio grande do Sul e os autores não mediram esforços para evidenciar a caminhada do Jesuíta. “A infância, adolescência, até o noviciado e claro a vinda ao Brasil. Não foi fácil, com a morte existiam acontecimentos que precisariam ser relacionados. Então, fomos para a Itália. Com dois meses de antecedência realizamos os contatos com a família, auxiliado por um sobrinho neto que fala português e outros colaboradores que foram essenciais para a concretização da missão.”
“O livro traz detalhes da vida escolar. Lá evidenciamos, por exemplo, o boletim escolar com notas que ele tirava. Entrevistamos três irmãos do Padre Florêncio: Maria Tereza, Tier Giorgio e Ângela. Com eles adquirimos relatos da infância. Maria Tereza foi a irmã que mais se lembrou dos momentos em que eram crianças. Ele era chamado pelos irmãos de urso, porque segundo eles, vivia trancado, dentro do quarto. Os irmãos atestam que ele era maníaco por limpeza e que não gostava de falar dos momentos vividos no período da 2° grande guerra mundial, preferia silenciar”, antecipa Gustavo.
Os autores do livro foram também à cidade de Fortaleza. Estiveram no Abrigo dos jesuítas para conversar com os sacerdotes que conviveram com Padre Florêncio durante boa parte da vida acadêmica. Para Gustavo, foi difícil escolher relatos e depoimentos, já que foram muitos e sentiram, portanto, a necessidade de “corta da própria carne”. Afinal era preciso uma edição com o cuidado para valorizar aquelas passagem de vida mais importantes. E dentre essas passagens Gustavo afirma que a mais tocante para ele como autor “foi a decisão tomada por Padre Florêncio de se tornar jesuíta. Apesar de ter sido de maneira súbita, pois segundo o próprio Padre a sua vocação ainda não tinha se manifestado, apesar de ele ter sempre se doado ao próximo; e na maioria das vezes ter escolhido cuidar do outro. Mas a vida eclesiástica ainda não era uma certeza no momento da decisão. Para ele ainda não tinha um sentido religioso. E mesmo assim decidiu ser missionário jesuíta e disse sim a Deus. Isso é sabedoria!”, finaliza Gustavo deixando o convite para toda a comunidade se debruçar sobre a história de um Italiano que viveu mais da metade da vida no nosso Piauí.
Endereço do local do lançamento:
Sede do Colégio São Francisco de Sales – Diocesano: Rua Barroso, n° 363 – Centro. Telefone para informações: (86) 2107-440.
Por Vera Alice Brandão