Na recente publicação da Estatística do Vaticano vinha embutida uma surpresa: a vocação que hoje mais cresce proporcionalmente na Igreja é a do Diácono Permanente.
O Vaticano II definiu o Diaconado como sendo o 1º grau do Sacramento da Ordem, não constituindo entretanto Sacerdócio. Esse ministério que, de forma permanente, havia desaparecido no ocidente cerca de mil anos, perdurou ininterruptamente no oriente.
Os números falam: em 2005 os Diáconos Permanentes eram 35 mil, já em 2014 atingem 45 mil. A América tem 65% de todos os Diáconos do mundo, com significativa superioridade da América do Norte. Cerca de 32% fica na Europa. A Ásia e a África somam apenas 1,7%.
A novidade conciliar é que o Diaconado Permanente restaurado, poderia ser abraçado por celibatários e casados.
O Papa Paulo VI ordenou os primeiros Diáconos Permanentes na América Latina em sua vinda a Colômbia (Bogotá) em 1968, entre eles quatro (04) brasileiros.
Não houve muita euforia nas Dioceses! O advento de um Laicato mais atuante e comprometido suscitava perguntas: O que faz um Diácono que um leigo não possa fazer? Diaconado não é clericalização de leigos?
Pouco a pouco, a experiência do exercício do Diaconado Permanente em várias Dioceses foi ajudando a calar essas perguntas.
Hoje os Diáconos no Brasil superam a casa dos onze (11) mil e, na Arquidiocese de Teresina já contamos com 45 deles.
Recentes Documentos da Igreja, emanados pela Congregação para a Educação Católica e Congregação para o Clero, em 1998, sobre as diretrizes para a Formação dos Diáconos Permanentes e Diretório para o seu ministério; bem como as “Diretrizes para o Diaconado Permanente da Igreja do Brasil”, em 2012, publicados pela CNBB atestam a vitalidade desse ministério.
A palavra do Magistério, tal como a pratica dos Diáconos nas Dioceses vai garantindo a presença desse ministério como algo que constitui a estrutura vital da Igreja e não um ministério a mais.
Na Arquidiocese de Teresina os Diáconos são formados na Escola Diaconal São Francisco de Assis e estão permeando todo o tecido eclesial de nossa Igreja. Temos Diáconos na Pastoral da Criança, Pastoral Carcerária, na Administração da Arquidiocese, na Pastoral do Povo de Rua. Desde 2012 foi constituída a Diaconia da Saúde, que estende suas atividades em oito (08) hospitais e nas Pensões. A partir de 2013, seguindo as Diretrizes da CNBB e dando prosseguimento a reflexão iniciada por Dom Sérgio da Rocha, meu querido antecessor, implantamos as Diaconias Territoriais. Elas já são em número de dez (10). Cada qual possui um presbítero que lhes dá assistência específica. A coordenação está a cargo do Diácono, quer como evangelizador, quer no setor administrativo financeiro.
A resposta por parte dos Leigos que integram essas Diaconias é animadora.
O Vigário Episcopal para o Diaconado Permanente, tal como a Comissão Arquidiocesana de Diáconos se reúnem periodicamente com o Arcebispo. O diálogo com os padres das paróquias onde servem os Diáconos como colaboradores se exerce através desses organismos.
Mais que um eventual substituto do padre, o Diácono está se firmando como uma vocação e missão que lhes são próprias, tal qual a Igreja no-las apresenta.
No grande horizonte da necessária e urgente diversificação dos ministérios, as diversas formas do exercício do Diaconado vão sinalizando ser possível a ensejada descentralização geográfica e evangelizadora consagrada pelo Documento de Aparecida.
Finalizo com a afirmação do Documento 96 nº 34 da CNBB: “A identidade do Diácono encontra-se antes de tudo, na ordem do ser… por isso não deve, em primeiro lugar, ser definido a partir das funções ou poderes que lhe são confiados”.
Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho
Arcebispo Metropolitano de Teresina
Teresina, 11 de julho de 2016.