No último final de semana o Centro Pastoral da Vila da Paz, localizado na zona sul de Teresina sediou o I Encontro Estadual da Pastoral Carcerária do Piauí. Em dois dias (24 e 25 de julho) o público participante, entre leigos e representantes das dioceses, pôde trabalhar o tema “Misericórdia e justiça restaurativa”. De acordo com o Padre João Paulo, que é o diretor espiritual da pastoral, o momento foi de crescimento para todos que se doam, de forma voluntária, aos irmãos que estão privados da liberdade.
O encontro que teve como lema “Ide e aprendei: prefiro a misericórdia ao sacrifício”, teve ainda a participação da Assessora e irmã Petra Silva Pfaller. “A irmã abordou as formas de procurar uma reconciliação da(s) vítima(s) com o preso, detento. Ela citou realidades já praticadas em outros estados da federação que visam à concessão do perdão entre as famílias das vítimas e seus possíveis agressores. A irmã compartilhou com os participantes alguns exemplos bastante positivos de reconciliações que tiveram a participação de facilitadores, aqueles que recebem a missão de Deus de semear o perdão e buscar a aproximação do Pai. Aqui em Teresina, por exemplo, a segunda vara de execuções penais já realiza esses encontros e a pastoral colabora fazendo o convite para as vitimas e seus familiares”, explica.
Ainda de acordo com Padre João Paulo outro momento bastante enriquecedor da programação foi a palestra de uma liderança da pastoral Carcerária do Rio Grande do Sul em que “falou sobre uma dinâmica praticada pela Espere (Escola de Perdão e Reconciliação). Esse modelo nasceu nos Estados Unidos e existe em alguns países da América Latina onde é praticada com sucesso e visa transformar o ódio e o sentimento de vingança em atitude de perdão e paz entre vítimas e agressores”, pontua.
A vasta programação do primeiro dia de encontro encerrou com missa às 17h e após esse momento o público pôde acompanhar o testemunho de um ex-presidiário sobre a rotina na Casa de Custódia (presídio localizado em Teresina) e suas “impressões” dos anos que ficou privado de liberdade.
No domingo (25), a programação teve início com celebração na Igreja Matriz (Paróquia Santuário Nossa Senhora da Paz) “onde a comunidade se juntou a nós e todos puderam acompanhar a apresentação do grupo de teatro da penitenciária feminina. Essa foi a 9° apresentação teatral das detentas que através da arte e da poesia evidenciaram a realidade carcerária e também os seus dramas e experiências no presídio”.
“Jesus insiste muito na vivência do perdão seja em qual for o tipo de relacionamento, principalmente naqueles mais conflituosos. Portanto, fazer a pastoral Carcerária é aprender a perdoar, conceder o perdão até mesmo aquele que assume a sua culpa e principalmente: acreditar no poder da conversão. Então, um encontro como esse, permite o entendimento de que o ódio e a vingança não é maior que o amor. Valeu pelo momento de grande conhecimento e valeu ainda mais porque percebermos a compreensão por parte da comunidade. Lá mesmo tivemos a confirmação que mais de 20 pessoas da comunidade aderiram à pastoral Carcerária. Se comprometeram em ir para os presídios da capital e contribuir com a missão de evangelizar que é a nossa maior missão”, finaliza padre João Paulo.
“Visitar os presos” é uma das sete obras de misericórdia corporais anunciadas pelo papa Francisco, como formas de bem vivenciarmos o Ano da Misericórdia. Se você também sentiu-se tocado e chamado a colaborar com essa importante missão da pastoral carcerária em nossa arquidiocese, entre em contato através do telefone (86) 99978-8088 e junte-se a essa crescente rede de Solidariedade e Misericórdia!
Por Vera Alice Brandão