“Amigo fiel é poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro” (Eclo, 6, 14).
A amizade é uma virtude que está intrinsecamente no ser humano. Isto é tão verdadeiro que basta o individuo criar disposições para uma ação amigável e logo ele encontrará um amigo ou se tornará amigo. O resultado disso leva à admitir que a amizade faz parte da essência do homem. Além disso, a essência de Deus é ser amigo, por isso o princípio e o fim de toda amizade para o homem é o próprio Deus.
O homem é amigo por disposição, ou seja, pelos mecanismos desenvolvidos por ele para um bom relacionamento como, por exemplo, a empatia, a solidariedade, a abertura e a confidencialidade. Atitudes como estas resultam em convivência, que progredindo torna-se uma verdadeira amizade. Segundo o filósofo grego, Aristóteles, a amizade verdadeira é aquela existente entre as pessoas boas que desejam reciprocamente o bem do outro.
Contudo, Deus é amigo por sua própria natureza. Deus é bom, é amor! Sua amizade pelo homem foi tão grande que deu seu único filho Jesus Cristo para morrer pela salvação de todos. Nesse tipo de relação supõe muito amor, Deus é a fonte suprema de todo amor. O homem necessita do amor supremo para amar o seu próximo para se relacionar amigavelmente com o outro. O amor é a fonte suprema de toda amizade. Na relação entre amigos, é visível uma intimidade derivada do amor fraternal que na verdade é uma relação entre duas pessoas que se consideram irmãos.
Com isso é possível surgir a empatia. É quando os amigos passam de fato a fazer parte da vida do outro, entrar na história, a sentir as emoções do outro a colocar-se no lugar do outro. Ser o outro e com o outro e não deixando ser a si próprio. A empatia é própria do Ser Divino de Deus. Ele está sempre por perto do homem, anda com o ser humano, partilha suas experiências, faz arder o coração de amor, e mesmo assim muitas vezes o homem não reconhece a presença de Deus em sua vida, assim como aconteceu com os discípulos de Emaús. Neste caso, para que fosse reconhecida a presença divina entre eles, foi preciso que Jesus fizesse um profundo gesto de empatia, sentando à mesa com eles. Na pedagogia da amizade se senta à mesa para partilhar, para conviver.
Desta forma, o ser humano deve está atento para perceber a manifestação de amizade oferecida por Deus. E não esperar apenas pelo momento da refeição, ou da revelação. Deve-se sempre mais estreitar laços de intimidade entre Deus e o homem. O homem e a mulher devem ser amigos íntimos de Deus. Assim é possível perceber a presença viva de Deus.
A atitude mais visível na relação de amizade entre o homem e Deus é a oração. A oração é o ato de falar com Deus, é o momento em que a criatura se encontra com o criador, é uma ação reciproca em que o ser humano fala e o Ser Divino ouve, Deus age o homem acolhe. A acolhida é uma característica significativa da amizade, observemos que Jesus frequentava era acolhido por seus amigos, por exemplo, Marta, Maria, Lázaro e João, seus bons amigos. A acolhida vai além do receber em sua casa, é um ato de amor recíproco.
Para conviver e para fazer uma boa relação de amizade algumas características são fundamentais, observemos como exemplo, o diálogo, o respeito, a liberdade, o ato de apreciar as coisas dos outros, mostrar-se interesse pelas pessoas, sorrir sempre verdadeiramente, nunca criticar o outro (ou fazer uma critica construtiva), fazer do outro uma pessoa importante. Percebeu que na amizade o mais importante é o ser, ou seja, a prática e não a teoria? Pois é, para os amigos precisamos apenas ser, o mais é acréscimo.
Portanto, Deus quer ser seu melhor amigo, Ele está sempre de braços abertos a sua espera, porém você é livre para ir ou não ao encontro Dele. Deus lhe deu liberdade para que você fizesse as melhores escolhas. Escolha ser amigo de Deus! Dê o primeiro passo, tome iniciativa de ir ao encontro do Senhor! Ser amigo é transbordar-se de amor pelo outro.
Zorenilton Tavares Reis
Seminarista, formado em Filosofia, cursando o 1º Ano de Teologia
Diocese de Bom Jesus do Gurgueia