Diz a história que de cinquenta em cinquenta anos, os judeus ouviam ressoar a trombeta que os convocava para celebrarem um ano santo como tempo de reconciliação para todos. Era uma espécie de período propício para se recuperar a boa relação com Deus e com o próximo. De acordo com a passagem bíblica (Lc 4,18-19) Jesus Cristo se coloca em sintonia com este ideal de “Ano da Graça” e “veio anunciar e realizar o tempo perene de graça do Senhor, levando a boa nova aos pobres, a liberdade aos prisioneiros, a visão aos cegos e a libertação aos oprimidos”.
Portanto, para entender o que significa o Ano Santo da Misericórdia é necessário saber como esse costume teve início na nossa Igreja. A primeira celebração de um ano Jubilar que se tem notícia foi proposta pelo Papa Bonifácio VIII com o objetivo de permitir aos fiéis receberem o perdão dos pecados e as indulgências. Ele planejou que a cada 100 anos fosse instituído um Ano Santo. O Papa Clemente VI reduziu o prazo somente para 50 anos e em 1475, passou a ser celebrado a cada 25 anos de forma ordinária e nas ocasiões que o Papa acha relevante de forma extraordinária. Até hoje foram celebrados 26 Anos Jubilares. São João Paulo II convocou o Ano Santo de forma extraordinária em 1983 e o último que celebramos no ano de 2000 (Ano Santo Extraordinário da Redenção).
Para o padre Raniery Alencar, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, na cidade de Angical, localizada há 126 km “o Ano Santo é um ano que a Igreja dedica aos fiéis para que estes tenham a oportunidade de retornar a casa do Pai. Orientamos-nos pelo pedido de urgência do Papa Francisco. Desde quando assumiu seu pontificado vem pedindo uma Igreja em saída e com portas abertas, não só para os santos e pecadores, mas para todos” explica.
O marco então para essa caminhada de vivência para o Ano Santo teve início no último dia 8 de dezembro de 2015, data que foi a aberta a Porta. Vale reforçar que neste mesmo dia, em 1965, o Papa Paulo VI concluía o Concílio Vaticano II este fato reveste o Ano Santo de um significado especial, encorajando a Igreja a prosseguir a obra iniciada no Concílio.
Este Ano Santo pretende então colocar em evidência que a Igreja tem a missão de ser testemunha da misericórdia de Deus no mundo. O Papa pensou em um caminho espiritual de conversão e decidiu proclamar o Jubileu Extraordinário que tenha no seu centro a misericórdia de Deus. Por isso se chama Ano Santo da Misericórdia. Em abril de 2015 quando convocou o Ano Santo, o Papa Francisco explicou que “a Igreja é chamada, neste tempo de grandes mudanças, a oferecer mais vigorosamente os sinais da presença e proximidade de Deus. Este não é um tempo para nos deixarmos distrair, mas para o contrário: permanecermos vigilantes e despertarmos em nós a capacidade de fixar o essencial. É o tempo para a Igreja reencontrar o sentido da missão que o Senhor lhe confiou no dia de páscoa: ser sinal e instrumento da misericórdia do Pai” convoca.
De acordo ainda com o Padre Raniery a missão principal é “suscitar os fiéis e despertar esse desejo de beber da misericórdia divina. As vezes o fiel se acha tão pecador e opta por se afastar. Então nosso esforço é para que este filho retorne a raiz” finaliza.
Por Vera Alice Brandao