por Dom Jacinto Brito
Olhando o calendário familiar encontramos “Dia das Mães, dos Pais, da Criança“, mas sinto falta do “Dia dos Avós“. Bem que ele está agendado para o dia 26 de julho, porém quem dele se ocupa? Será pelo fato de não ter sido ainda manipulado pelo consumismo capitalista?
Chamou-me atenção o fato de que na Jornada Mundial da Juventude o Papa Francisco tenha assim se expressado: “Estamos presenciando uma filosofia e uma praxis de exclusão dos dois polos da vida que constituem as promessas dos povos. Exclusão dos idosos e dos jovens”. Refere-se a exclusão dos idosos, falando de uma “eutanásia oculta”, porém acrescenta: “existe uma eutanásia cultural, pois não se deixa os idosos falar e agir”.
É notória a desconfiança quanto à competência do idoso em qualquer trabalho. Sua falta de familiaridade com a informática reforça ainda mais esse preconceito! E, em se tratando de opiniões, a reação é ainda mais violenta: “seu tempo já passou”, “você não entende dessas coisas do mundo de hoje!”.
Sabedoria de um idoso que experimenta “na pele” a dor da exclusão? Vou mais adiante: Sensibilidade de um pastor que ama cada ovelha do rebanho!
O culto idolátrico da “juventude” é um fato! As sacerdotisas da moda e da comunicação imolou a “deusa” a saúde, o equilíbrio financeiro e psíquico de milhões de seres humanos. Só tem valor quem é jovem e se é jovem. Chega-se ao disparate, a meu ver desrespeitoso, de se pensar que agrada e elogia a um idoso dizendo-lhe “você ainda é jovem”, “você está na melhor idade” e até não existe velhice, existe “juventude acumulada”.
Seria preciso não saber ler nas entrelinhas do psiquismo humano e na matreirice da linguagem, a verdade oculta: “só vale quem é jovem”.
A Igreja, em honra aos supostos pais de Maria: Joaquim e Ana, comemoramos na Liturgia aos 26 de julho, nos convida a valorizar os antepassados e reverenciar a sabedoria dos idosos.
Por que não aproximar criança e jovem dos idosos? Por que não dar um basta na “eutanásia cultural” abordada pelo Papa Francisco, valorizando a riqueza dos que já avançaram nos anos?
Recordo-me do provérbio popular: “se eu não me dou valor, quem vai me dar?”. Então queridos avós, amados idosos, a quem vai aprendi a apreciar em família, desde a infância, dirijo-me a vocês com as palavras do Santo Padre no Rio de Janeiro: “não esmoreçam na missão de ser a reserva cultural do nosso povo, que transmite valores. Não se deixem excluir!” Parabéns pelo seu dia!