O Regional Nordeste IV da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveu nesta terça-feira (24) o lançamento da 14ª Romaria da Terra e da Água do Piauí em Teresina.
A solenidade aconteceu no Auditório Paulo VI, localizado na Avenida Frei Serafim, e teve início às 9h30 com a presença de representantes da Igreja Católica das oito dioceses do Estado através de bispos, líderes de pastorais, movimentos, comunidades, congregações e outros setores da Igreja. Participaram também membros dos poderes públicos municipais e estadual, além de integrantes da sociedade civil, Ministério Público, e também entidades que lutam pela preservação de direitos humanos como a Fetag – Federação dos Trabalhadores da Agricultura.
Dom Juarez Sousa , vice-presidente da CNBB Regional Nordeste IV e bispo da diocese de Parnaíba fez o pronunciamento inicial. Sua fala sucedeu a mística, momento de espiritualidade realizado junto aos presentes e que invocou orações contra os males que retiram as garantias e os direitos dados aos trabalhadores do campo e da cidade.
“Essa é uma luta profética, um grito forte, um ato de solidariedade e de compromisso com a nossa fé cristã que caminha com dois pés: a oração e a ação. Eu compartilho com os presentes neste ato de lançamento se é preciso este mundo se acabar ou se tornar inabitável para que a gente descubra e tome consciência que é necessário defender a natureza, interrogou o bispo para fazer mais um questionamento: será que é preciso brigar para que esses direitos sejam defendidos? A natureza é da conta de todos nós, não só da Igreja”, reforçou Dom Juarez.
A Romaria é um evento que articula as forças vivas da Igreja, numa ação conjunta no campo e na cidade, para preservação dos bens preciosos da terra e da água, como dons de Deus, essenciais a vida de todos. Além da grande caminhada e celebração de encerramento, também abrange seminários temáticos com debates e o levantamento de propostas de implementação de políticas públicas voltadas para o bem comum. A edição de 2018 traz o tema “Defender a natureza e os direitos dos pobres”
Dom Juarez ainda valorizou os propósitos desse momento que, segundo ele, é ecumênico. “Essa romaria se propõe a ser um momento forte de reflexão e evidencia o grito e o clamor dos irmãos vitimas de grandes projetos que não levam em consideração o desenvolvimento humano e desta forma se torna imoral e não tem razão de ser. É como diz o papa Francisco que nos orienta a dizer não ao capital que governa ao invés de servir”, afirmou.
A manifestação popular acontece há 14 anos no Piauí e tem o apoio também de entidades como o Fórum de Convivência com o Semiárido, Obra Kolping, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Dom Plínio José Luz , bispo da diocese de Picos, é um dos responsáveis pela edição 2018 da Romaria (dias 14 e 15 de julho). Ele apresentou as peças de divulgação do evento e também evidenciou os objetivos da ação que terá como sede a cidade de Paulistana.

“A Romaria é um olhar para realidade do nosso povo sofrido que não consegue desfrutar de toda a beleza que a terra traz para o homem. É um trabalho conjunto e que conta com uma empenhada equipe focada na tarefa de preparar esse momento diante de um cenário de escassez da água. Além de olhar para os impactos dos grandes projetos econômicos e que vale, portanto, servir de cenário para o palco de discussões. Então o convite é para o coração dos piauienses que devem mostrar o dom de serem solidários. Evitando assim, em conjunto, os erros com os menos favorecidos”, pontuou.
Padre Tony Batista participou da solenidade de lançamento representando a Arquidiocese de Teresina. Ele aproveitou o momento para invocar uma participação mais ativa das pastorais. “As nossas pastorais estão cada dia mais se ausentando da dimensão politica da nossa fé e isso é muito sério. Creio que a Romaria traz esta esperança. É como se acalentasse a nossa esperança. Por isso é importante reafirmar que a romaria é de todos os homens e mulheres de boa vontade. Vale ainda dizer que politica não é coisa feia, é coisa séria e nobre. Como dizia Paulo VI, pontífice da Igreja Católica, é a instância mais legítima de se viver a caridade por isso precisamos recuperar a dimensão política das nossas pastorais e creio que a romaria vai nos ajudar”, disse otimista o Vigário Geral da Arquidiocese.
Adonias Moura, representante da Cáritas e integrante da equipe organizadora reforçou o convite junto às comunidades para a importância de se “discutir as realidades que fazem parte do nosso contexto social”.
Ainda na solenidade foi entregue aos presentes uma cartilha que propõe cinco encontros com temas específicos que permeiam temáticas acerca da água, de projetos sociais e também de como se construir uma cidade sustentável , além da convocação da juventude. A sugestão é que estes encontros sejam realizados no período de outubro de 2017 a julho de 2018. A secretaria da Romaria disponibiliza um número de telefone pelo whatsapp (89) 99977-3000, a fim de orientar a sociedade.
Por Vera Alice Brandão