O quadro Bons Conselhos do Programa Em tuas Mãos tem a proposta de gerar reflexões nos fiéis católicos com a missão de aproximar os filhos de Deus da nossa Igreja. Padres, diáconos e profissionais liberais que atuam em diferentes áreas: desde as ciências humanas às exatas colaboram com seus conhecimentos promovendo sábias discussões e ajudando a compreender temas que fazem parte da rotina comportamental dos servos do Senhor.
Em setembro, o Padre Antônio Cruz, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, foi um dos convidados. A entrevista foi conduzida pelo jornalista Lívio Galeno e nos ajudou a refletir sobre como ser Igreja nos dias de hoje.
O Sacerdote iniciou sua fala recitando um poema de nome “Igreja” que está nas páginas do livro de autoria dele com o título “Recolhendo Cacos”.
“Igreja lugar de desacordados, lugar dos sofridos, dos amados feridos. Lugar de acolhida, pois aqui se revela realmente quem somos. Não há máscaras nem aparências. Por isso o cuidado com as segundas intenções, as maquinações. Cuidado com os sentimentos, palavras, gestos e afetos. Igreja é lugar do perdão. Lugar de confiança e de salvação”
E se fosse possível continuar o poema, para muitos, Igreja também é lugar de comunhão. É nela onde aprendemos a viver e a testemunhar o milagre da partilha. Esta partilha enriquece a verdadeira experiência de doação, de todos os que desejam servir a Deus e aos irmãos. Servir é gesto de doação de si mesmo àqueles que muito necessitam de nossa ajuda. Portanto partindo dessa experiência o Padre Antônio Cruz foi indagado pelo repórter Lívio Galeno sobre como ser Igreja?
“Primeiro é preciso saber que sou filho de Deus e saber que os outros também são filhos amados de Deus. Portanto nós todos somos chamados, convocados pelo Espírito Santo para a Igreja que é a Assembléia daqueles que são vocacionados por Deus a serem dele” explicou.
O Padre também reforçou que não basta ser Igreja somente na Igreja. Em casa o sacerdote alertou que nos nossos lares “não podemos ser hóspedes. Todos os dias têm quem faça a comida e tem quem lave as louças. Eu, por exemplo, sou profeta e às vezes posso não ser escutado. Às vezes somos mais ouvidos fora de casa do que nela. Portanto para ser igreja em casa é necessário ser filho”, refletiu.
E não é só em casa, ou na Igreja que devemos ser Igreja. Na entrevista o pároco também lembrou a importância “de ser competente naquilo que nos propomos a fazer. No trabalho, por exemplo, se eu quiser ser feliz eu preciso ser todo, ser totalmente trabalho para que não digam e questionem seus diferentes desempenhos ou comportamentos, tipo você é santinha na Igreja e nos outros ambientes você não age com boa índole”, alerta.
E em meio a tantas tentações e desafios a serem vencidos, não deixando de ser Igreja, o pároco lembrou do que Jesus nos disse “Nós somos sal da terra e luz no mundo”.
“Então eu não posso ser sal fora da comida. Tem que ser sal no mundo. Dá um gosto. Mas um gosto diferente para ao final ouvirmos: Ah, mas como você é diferente. Poxa você tratou a gente tão bem. Você não extorquiu. Fez tão bem feito e não exigiu direitos”.
(Portanto, ser Igreja é antes de tudo ser Deus para o próximo. Ser Igreja é você entrar nela e sentir sua principal casa, assim como os apóstolos se encontravam para partir o pão e rezarem.) – Autor desconhecido
Por Vera Alice Brandão