Na manhã desta sexta-feira (16), o Comitê Piauiense de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, coordenado pela Ação Social Arquidiocesana (ASA), promoveu uma grande mobilização no cruzamento da Rua Goiás com a Avenida Frei Serafim. A ação integrou a programação alusiva ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio.
Com início às 7h, a mobilização reuniu representantes de instituições governamentais e não governamentais, além de serviços e centros voltados à garantia de direitos da infância e juventude. Crianças, adolescentes e profissionais da rede de proteção participaram ativamente do ato, que buscou sensibilizar a sociedade para o enfrentamento da violência sexual infantojuvenil.
A coordenadora do Centro de Convivência Novos Meninos e Meninas, Valdenira Silva, destacou o protagonismo da ASA na luta pelos direitos da infância. “A ASA é pioneira nessa luta. Atuamos dentro da política pública de assistência social, promovendo ações contínuas de prevenção e fortalecimento de vínculos, com foco na proteção da infância”, afirmou.
Valdenira também reforçou a importância da denúncia como mecanismo de proteção. “Muita gente se cala por medo ou omissão. Mas é importante lembrar que omitir-se diante de um crime também é crime. A denúncia pode ser feita de forma anônima pelo Disque 100, e as autoridades tomarão as devidas providências”, alertou.
Já a Irmã Denise Morra, coordenadora do Centro de Juventude Santa Cabrini, ressaltou a necessidade de manter a campanha “Faça Bonito” viva e presente no debate público, especialmente neste ano em que ela completa 25 anos. “A campanha é fundamental para dar visibilidade a uma realidade que, infelizmente, ainda é silenciada. A violência sexual está ligada a fatores estruturais como a pobreza, o desemprego, a precariedade da educação, a falta de lazer nas comunidades e o avanço do crime organizado”, pontuou.
Para ela, a sociedade precisa romper o silêncio e enfrentar o problema com seriedade e união. “Estamos falando de um tema que, em vez de diminuir, só cresce. É preciso tirar essa pauta do fundo do baú e enfrentá-la com urgência”, completou.
A promotora de Justiça, Joselisse Nunes, também esteve presente e destacou que a ação é resultado de um trabalho permanente do Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual. “Essa articulação entre entidades governamentais e da sociedade civil acontece o ano inteiro. Realizamos reuniões mensais para planejar ações que deem visibilidade a essa causa. Hoje, estamos nas ruas para alertar a população e reforçar a necessidade de proteger nossas crianças e adolescentes”, afirmou.
Entre os participantes, estava Ellen Maria, assistida pelo Centro de Convivência Novos Meninos e Meninas, que participou pela primeira vez da campanha e compartilhou sua emoção. “É muito significativo estar aqui. O 18 de Maio é uma data para refletirmos sobre a violência que tirou a vida de Araceli, uma criança de apenas 8 anos, assassinada brutalmente em 1973. Esse episódio triste marcou o Brasil e nos lembra que precisamos cuidar e proteger nossas crianças”, destacou.
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi instituído em memória ao caso Araceli Cabrera Sánchez Crespo, que este ano completa 52 anos. O crime, até hoje impune, mobilizou o país e deu origem a essa importante data de conscientização.
Denúncias de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes podem ser feitas pelo Disque 100, canal do Ministério dos Direitos Humanos. Também é possível procurar o Conselho Tutelar, o Ministério Público, órgãos policiais e delegacias especializadas.