No dicionário, luto significa angústia de perda. Um processo sentimental que ocorre quando o ser humano vivencia uma perda relativa e de importância emocional para ele.
É um processo vivido e sentido totalmente no âmbito individual. Mesmo que haja um grupo , família ou mais de uma pessoa passando pela mesma perda ao mesmo tempo, cada indivíduo expressará seus sentimentos, assim como reagirá com mais ou menos intensidade conforme sua particularidade (choro, raiva, tristeza, questionamentos, interferências na vida social ou emocional). O momento de vida que esteja passando também terá influencia sobre o luto a ser vivenciado.
O processo de luto não precisa ser marcado necessariamente por uma desestrutura emocional, como por choros compulsivos, crises de ansiedade e etc. O luto é particular e por vezes pode ser vivenciado em silêncio, com a rotina de vida mantida, como trabalho, estudo, amigos, passeios e isso não significa que a pessoa não esteja carregando e elaborando o sofrimento desta perda. Não há um estereótipo a seguir e nem se deve esperar por isso.
Motivados por esses diferentes comportamentos e com a missão de ajudar os irmãos que passam por esse momento de dor, ou mesmo quem ainda não passou, mas pode ajudar o próximo a vencer essa etapa, o programa Em tuas Mãos exibiu hoje entrevistou com a psicóloga Fernanda Abreu. A profissional ajudou os telespectadores do programa a compreender e identificar a depressão como doença e reforçou que “ninguém melhor do que nós mesmos para perceber que estamos passando por um momento de indefinições. É possível notar mudança de hábito, alteração no sono, falta de apetite; de energia, enfim características que nos levam a indicar a doença e conseqüentemente à indicação de profissional para um diagnóstico correto.
O luto não é doença ou síndrome, nem mesmo sinônimo de vida desestruturada, tudo sempre vai depender de cada caso e de acordo com a psicóloga Fernanda Abreu a psicologia ajuda na orientação para superar esta etapa. “Devemos valorizar a expressão de sentimentos nesse momento de perda. Aquele que perdeu o ente querido deve ter o seu momento de desabafo. Não se pode guardar o choro e nem aconselhar que seja forte. O momento emocional ajuda e o apoio familiar serve como uma troca. Aquele que perdeu o ente tem alguém que possa lhe ouvir e que estenda o braço, se fortalece com a experiência” reforça.
Mediante essa afirmativa da profissional da área de saúde o jornalista Lívio Galeno que conduziu a entrevista indagou sobre a frase que muitos dizem no momento de luto “É preciso ser forte”. Para a psicóloga “o apoio é importante. Mas o correto é permitir que o enlutado possa chorar as suas dores. Não se pode impedir as emoções” explica.
Lívio Galeno questionou ainda sobre como a espiritualidade pode ajudar na superação da fase de depressão já que a organização Mundial de Saúde incluiu a espiritualidade no contexto das avaliações. Para Fernanda Abreu a oração é a base. “Quando se tem algo em que a gente acredita e que é maior que a gente fica mais fácil de entender e compreender o momento de fragilidade. Deus é fiel aos seus filhos e nos ajuda a aceitar esse momento de dor” pontua.
A entrevista apontou ainda as cinco fases do luto: a primeira que é a negação inicial onde se caracteriza por não acreditar que o ente querido morreu. A segunda fase é a raiva. Nessa etapa aparecem os questionamentos sobre o acontecido. Tem ainda a terceira fase que se caracteriza como a fase da “barganha” em que há uma tentativa de se negociar a perda. É o momento das promessas. Depois vem a fase da depressão quando ele percebe que o ente querido não vai mais voltar e é necessário seguir com a rotina de vida com serenidade e sabedoria.
Por fim a entrevistada explicou que aquilo que distingue o luto de um estado depressivo é o que acontece ao longo do tempo, e não o que acontece imediatamente após a perda. “Aquilo que se espera é que ao longo do primeiro ano, depois da morte de alguém próximo, cada pessoa possa experimentar uma redução gradual da intensidade do desespero e da tristeza. Mais rápida ou mais lentamente, a pessoa vai regressando à sua normalidade, retomando os compromissos profissionais, o convívio com amigos e todos os outros hábitos” finaliza.
Por Vera Alice Brandão